(Mohamed curtindo o Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/Facebook)
Por Pedro Breier
Na semana passada, Mohamed Ali, um imigrante sírio que vendia pacatamente suas esfirras na esquina da Rua Santa Clara com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi agredido verbalmente, ameaçado e teve suas mercadorias derrubadas no chão por outros vendedores de rua.
“Sai do meu país! Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram crianças, adolescentes. São miseráveis. Vamos expulsar ele!”, disse um dos homens, enquanto brandia dois pedaços de madeira.
A xenofobia foi a desculpa para expulsar Mohamed de um concorrido ponto de vendas. O vil metal está quase sempre por trás das piores atitudes dos seres humanos.
A cena foi filmada e viralizou. Foi criado, então, um evento no Facebook, marcado para amanhã (12/08): “Comer esfiha na barraca do Mohamed“.
Mais de 40 mil pessoas confirmaram presença ou demonstraram interesse no evento até agora. Haja esfirra, porque parece que a coisa vai rolar mesmo. Foi criada também uma vaquinha virtual para Mohamed comprar um food truck. Ele foi avisado do evento e agradeceu de forma tocante:
Uma cachoeira de amor que não acaba… Bonito, né?
Em tempos de tanto ódio como o que vivemos, quando amar ao próximo é tão demodê, como disse Renato Russo em Baader-Meinhof Blues, uma reação dessas a mais um episódio triste de intolerância serve para renovar a esperança em dias melhores.
O amor é mais que apenas um sentimento: é simplesmente a verdade universal.
Afinal, segundo a teoria do big bang – a mais aceita para a origem deste universo – toda a matéria e energia estavam, no princípio dos tempos, concentradas em um pequeno ponto. Ou seja, nós e tudo o que existe somos uma coisa só. Estamos apenas ilusoriamente separados.
Quando todos compreendermos este fato e que, consequentemente, amar ao próximo como a si mesmo é o segredo da vida, não haverá barreira de intolerância que seja capaz de segurar a cachoeira de amor universal.