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Vai faltar ovo e as armas serão outras

Por Wellington Calasans, Colunista do Cafezinho, na Suécia Foto: Arquivo/Wellington Calasans Após duas semanas intensas no Brasil, onde respirei política sob diferentes perspectivas, volto à Estocolmo com a certeza de que há resistência contra o golpe e que, longe de termos a “apatia do povo”, temos uma revolta crescente, silenciosa e, por isso, de difícil […]

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Foto: Arquivo/Wellington Calasans

Por Wellington Calasans, Colunista do Cafezinho, na Suécia

Foto: Arquivo/Wellington Calasans

Após duas semanas intensas no Brasil, onde respirei política sob diferentes perspectivas, volto à Estocolmo com a certeza de que há resistência contra o golpe e que, longe de termos a “apatia do povo”, temos uma revolta crescente, silenciosa e, por isso, de difícil contenção.

A redução do papel das Forças Armadas ao de guarda municipal no Rio de Janeiro, por exemplo, é o resumo do tamanho da cabeça e das ideias da turma que assaltou o poder. O povo percebeu nisso o escancaramento da luta de classes, essência do que é este momento de exceção vivido no Brasil.

O ódio que é plantado para inflar candidaturas fascistas não se sustenta por muito tempo como agente integrador, pois estas comunicam muito mais para uma classe média desprovida de conhecimento político e que sequer sabe que é usada como massa de manobra. A dúvida entre o pagamento da conta do cartão de crédito ou da TV por assinatura norteará este segmento da sociedade.

Políticos, jornalistas, ativistas e sindicalistas, com os quais falei, revelaram profundo conhecimento dos problemas atuais. Alguns, mais aguerridos, falam em ações radicais. Outros, mais comedidos, apostam no “fator tempo” para que a revolta que cresce nas pessoas seja uma aliada na reconstrução do país. Em ambos os casos temos o “cair da ficha” do povo como um elemento de resistência.

O povo que por apatia, ignorância, influência da Globo, etc. mergulhou na aventura do apoio ao golpe, agora se sente traído. Sem proposta para esta gigante camada da sociedade, os golpistas vivem uma realidade paralela e descolada do que é visto e vivido nas ruas, redes sociais ou nas pesquisas de opinião pública. O estrago é grande, mas insuficiente para destruir o Brasil e o seu povo.

A nova moda de protesto, “chuva de ovos”, bem sucedida no Paraná e repetida com êxito em Salvador é um recado de que quando faltar ovos os objetos e métodos serão outros. O pobre, os patos e o trabalhador, condenados ao abandono, entrarão em cena e as consequências serão impactantes.

Vai faltar ovo na mesa, os patos serão extintos e do encontro entre o morro e o asfalto nascerá um novo Brasil. Será o primeiro caso de revolução por egoísmo. Cada um defende o seu, mas ambos defendem o coletivo. E como disse Raul Seixas, “o auge do meu egoísmo é querer ajudar”.

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Wellington Calasans

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José Fonseca

08/08/2017 - 15h12

A esquerda, como sempre, pedante, de palavras bonitas e de métodos horríveis, vem fazer aqui sua avaliação “made in Suecia”, de duas semanas, na qual já chegou a um diagnóstico preciso da superioridade intelectual de suas hordas diante da estupidez de quem ousa discordar de suas verdades e de seu projeto de “mundo perfeito” distribuidor, na prática, de pobreza e opressão. Provavelmente o autor não se incomoda de viver em uma terra aonde escandinavos loiros e de tez alva, renda per capita elevada, vivem hoje sobre terras fertilizadas pelo sangue de antigos subjugados. Desfrutam das benesses que o mundo livre e do capital lhes dão mas sonham fervorosamente com um mundo em que se encaixem com as suas frustrações e ressentimentos. Nada é perfeito se não partir das suas cabeças doentes. Fiquei curioso quais são essas outras armas que sugere tão valentemente no texto.

    Wellington Calasans

    08/08/2017 - 17h32

    José Fonseca, não é a minha avaliação que é um “diagnóstico preciso de superioridade intelectual”, mas sim a sua crítica que é carrega de complexo de inferioridade.
    A Suécia era um país pobre e corrupto. Foi reinventado pelo próprio povo. Tenho o privilégio de viver aqui e testemunhar que isto é possível.
    Na minha breve visita, de duas semanas, ao Brasil eu conversei com quatro senadores, dez deputados federais, quinze deputados estaduais, cinquenta sindicalistas e ativistas, prefeitos de duas cidades, ex-ministros, governadores, secretários, taxistas, porteiros, recepcionistas, etc. E você? Apenas na frente da tela da Globo e com a Veja aberta?
    As armas que sugiro serão proporcionais às dores de fome e desemprego. Se você acha que as pessoas ficarão caladas e resignadas diante deste cenário imposto através do golpe, pode ir mudando o pensamento. A necessidade de sobrevivência irá impor aos golpistas a resposta que eles mesmos plantaram.
    A sua adjetivação e tentativa de me atingir com agressões serviram para revelar a sua impotência diante da dura realidade que lhe apresentei com o meu texto. Obrigado pela audiência que dá ao Cafezinho. Uma boa semente para que você mude para melhor.

luanmiba1956

08/08/2017 - 15h07

Concordo plenamente com a análise onde o nobre WC diz: “…quando faltar ovos os objetos e métodos serão outros…”.
Acredito que entraremos numa fase perigosíssima, onde a política de esticar a corda até arrebentar, poderá dar sustentabilidade a ações de força por meio dos agentes golpistas, não excluindo o exército.
Tipos como gilmar mendes, bolsonaros, dórias e escroques golpistas de todas as matizes poderão se lambuzar com um caos pretensamente “iniciado” pela esquerda, afetando diretamente a realização das eleições de 2018.
Sem representatividade nas instituições ficaremos à deriva num lamaçal pior que o atual, porém sem saída a curto prazo.
O certo é que sem luta não haverá avanço, ou melhor dizendo, interrupção do retrocesso.

DanielleMaBelle

08/08/2017 - 09h46

“O pobre, os patos e o trabalhador, condenados ao abandono, entrarão em cena e as consequências serão impactantes.” Quem vao socorre-los? A esquerda de teclado? A esquerda guerrilheira de teclados? Nao s esqueca , este e’ um Pais de bunda boles, de covardes, de subservientes. Sem futuro, sem nada. Acabou, nao sobrara nem cacos. Verao que os fihos teus nao fugirao por falta de alguem aceitarem.

maria do carmo

08/08/2017 - 09h12

Amigos internautas de todo o Brasil, de cada estado e cidade, o dono da Riachuelo e apoiador do fascista Doria, esses sao os ecravocratas que apoiam Temer, nao comprem nas lojas Riachuelo!


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