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A Polícia Federal libertou-se, aparentemente, do encantamento doentio com que a Lava Jato lhe mantinha aprisionada. Reportagem de capa da Folha revela que a PF fez sérias denúncias contra as “delações” da Odebrecht: de que não vem acompanhadas de provas, são contraditórias entre si ou com depoimentos anteriores, trazem materiais repetidos, etc. Seria um bom sinal, não fosse tão tardio, ou seja, não viesse depois do golpe. É mais uma prova de que o Planalto, após cortes brutais de orçamento, e remanejamentos internos, conseguiu retomar o controle político sobre a Polícia Federal.
A operação da semana passada, no entanto, que prendeu o ex-presidente do BB, Aldemir Bendine, mostra que o governo federal talvez permita que apenas as operações que não lhe afetem diretamente avancem. Neste caso, seria sinal de que o governo continua materializando a profecia de Jucá – de maneira bem sucedida – de “estancar a sangria”. Possivelmente, até estimulem um ou outra loucura da “república de curitiba”, desde que os “meninos” se limitem a atacar o PT.
É também mais um sinal de que o status quo cansou da Lava Jato, porque esta já teria cumprido sua missão: derrubar o governo eleito e empossar golpistas dispostos a implementar um programa neoliberal, inescrupulosos e autoritários o suficiente para levar reformas adiante sem dialogar com a sociedade, e na contramão de uma rejeição crescente.
Ainda na Folha, há uma pesquisa que revela mais do que ela própria diz. Segundo o Datafolha, 65% dos brasileiros querem a saída de Temer e apenas 30% acham que ele deva terminar o mandato. Entre os “assinantes da Folha”, todavia, 43% querem que Temer permaneça. É uma maneira do jornal dar seu recado: Temer fica. Um anúncio gigante do governo federal na capa do site da Folha (ver imagem acima) ajuda a explicar as razões do jornal.
No Fantástico de domingo, a Globo deixou claro também que suas “denúncias” contra Temer são apenas um jogo para engambelar a opinião pública e não deixar que a rejeição a Temer lhe prejudique comercialmente. A peça sobre Temer ouve apenas os aliados do presidente. A Globo é Temer. A história de que a Globo quer “derrubar” Temer é a narrativa que o próprio grupo quer ver circulando, enquanto amplia o seu apoio ao presidente nos bastidores.
Bolsonaro resolveu mudar de partido. Vai sair do PSC (Partido Social Cristão), por brigas internas com o pastor Everaldo, e migrar para o PEN (Partido Ecológico Nacional), o qual vai mudar seu nome para Prona, que era o partido do falecido Eneias. Bolsonaro sai de uma legenda com 10 deputados para outra de 3. Está diminuindo.