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Analista do Estadão faz alerta sinistro às elites econômicas

Concordo com o alerta de José Roberto Toledo, um jornalista do Estadão que se consolidou, há tempos, como um verdadeiro artista da análise política, sobretudo considerando o lugar de onde escreve. A explosão virá. Embriagada com um fanatismo ideológico sem conexão com a realidade, a elite econômica esqueceu uma lição básica de história: a existência […]

24 comentários
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Concordo com o alerta de José Roberto Toledo, um jornalista do Estadão que se consolidou, há tempos, como um verdadeiro artista da análise política, sobretudo considerando o lugar de onde escreve.

A explosão virá.

Embriagada com um fanatismo ideológico sem conexão com a realidade, a elite econômica esqueceu uma lição básica de história: a existência de uma esquerda organizada em partidos, sindicatos e movimentos sociais, é a principal salvaguarda para que as insatisfações sociais não sejam canalizadas de maneira violenta, caótica e, em última instância, revolucionária (ou o que é pior, fascista).

Seria prudente que os artífices do status quo, incluindo ministros do STF, pusessem um freio nos arbítrios da Lava Jato, que a Globo abaixasse um pouco o volume de seus editoriais histéricos e que o governo Temer se conscientize que a rejeição monstruosa ao presidente é um alerta perigoso.

***

No Estadão

Temer e a avalanche

Jose Roberto de Toledo
31 Julho 2017 | 00h10

Se cada ponto percentual fosse um metro, o Palácio do Planalto estaria rodeado não por um espelho d’água com 60 centímetros de profundidade, mas por um fosso de 86 metros de desconfiança. O Congresso se ocultaria atrás de 82 metros de descrença, e a Esplanada dos Ministérios estaria separada do Brasil por 74 metros de descrédito. Essa é a atual fundura da falta de representatividade da democracia brasileira. Mas quem cavou a crise não se ocupa disso. De fato, aprecia o isolamento.

Governar despreocupado com a opinião pública é mais um luxo a que os encastelados no poder se acostumaram. Virou rotina, uma trivialidade como viajar no jatinho de amigos, comprar jóias com recurso público ou receber malas e caixas de dinheiro vivo pago por açougueiros com complexo de grandeza. De tão habituados à altitude de seus palácios, os cortesãos se desacostumaram a observar a planície. É erro de consequência nada trivial.

A falta de protestos – a despeito das sucessivas quebras do recorde de impopularidade – não deveria ser alívio para Temer e sua turma, mas o contrário. A insatisfação não é um fenômeno que se manifesta linearmente. É engano pensar num roteiro de novela que constrói o fim inescapável aos poucos. O Brasil virou filme de suspense. Reviravoltas são esperadas, mas imprevisíveis.

Como todo sistema complexo, as relações políticas formam uma rede embaraçada, um labirinto com múltiplos caminhos e saídas inimagináveis. A calma aparente de 2017 se assemelha à de 2013. Quando junho virá, ninguém sabe. Mas multiplicam-se sinais de que a pressão social está se acumulando, se reprimindo, sem saída: medo em alta, confiança em baixa, falta de perspectiva.

A oscilação decimal da taxa de desemprego em um patamar de dois dígitos não é sinal de melhora das condições econômicas, mas de piora das relações de trabalho. É a necessidade do ex-empregado de apelar ao bico como única forma de sobrevivência. De tanto crer que governar é administrar expectativas, ministros e presidente acabam acreditando em suas narrativas edulcoradas.

O cenário que se arma é comparável ao que antecede um grande incêndio florestal ou uma avalanche. Enormes quantidades de energia vão comprimindo a neve no alto da montanha ou se acumulando em bilhões de folhas ressecadas pela falta de chuvas. Sem sucessivos deslizamentos ou fogos menores que dissipem a pressão, a energia aprisionada cresce até o ponto de ruptura. Quando explode, a única escapatória é tentar sair da frente.

A queda de Dilma liberou pressão – pelo menos de um lado do espectro político. A permanência de Temer acumula tensões de todos os lados. A julgar pelo noticiário, o presidente deve conseguir enterrar na Câmara – esta semana, ou na próxima – a primeira denúncia do procurador Rodrigo Janot contra ele. Outras virão e, com elas, mais detalhes se tornarão públicos sobre as lambuzadas da Turma do Pudim. Mais pressão reprimida.

Pode ser que exploda amanhã, por causa de inocentes 20 centavos, pode ser que se acumule até outubro de 2018. Quanto mais tempo demorar para ser liberada, maior será o estrago – e maior a quantidade de vítimas. Enquanto isso, os morubixabas partidários tratam a crise e as eleições do próximo ano como só mais uma.

2018 não repetirá 2014 ou 2002. Talvez se pareça com 1989, mas em escala exponencial. O grau de insatisfação da população com a classe política, com seus representantes e com os partidos não é uma abstração estatística ou um recorde de almanaque. É um fenômeno social que, de algum jeito, acabará destampado. Por sobrevivência, os congressistas deveriam desafogar a pressão antes de enfrentarem as urnas. É isso ou sair da frente.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Milton

01/08/2017 - 21h46

Parabéns pelo seu comentário, mesmo trabalhando,num jornal conservador,outra coisa é preciso colocar um freio nos marinhos,com esses editorias tendencios.Moro não é justiceiro,há culpados que estão quietos, até agora do Lula está pagando o Pato ,cade os outros ,Aécio serra alkimim e tantos outros,

Miguel Aquino de Azevedo

01/08/2017 - 12h23

Analise politica provocante,verdadeira e acima de tudo,Um AVISO aos políticos vagabundos,corruptos e criminosos aos juízes de toda as esferas judiciais que não respeitam ao JURAMENTO que fizeram. A QUEDA DA BASTILHA virá em breve.

Grace

01/08/2017 - 09h18

E a panela de pressão está apurando…?

Suzir Palhares

01/08/2017 - 05h59

Importante mencionar, acrescentando, a insatisfação com o Judiciário.

Suzir Palhares

01/08/2017 - 05h57

Importante mencionar, acrescentando, a insatisfação combo Judiciário.

eder ribeiro queiroz

01/08/2017 - 00h48

ALERTA GERAL
TEMER VAI CONFISCAR NOSSO DINHEIRO DAS CONTAS POUPANÇA E CORRENTE EM 06 DE SETEMBRO DESTE ANO
SAQUEM TUDO !
PARA QUEM VIVEU A ERA COLLOR DE MELLO
FORA A GRANDE CRISE PIOR DO QUE AS CRISES DE 1922 E 2008 E COM O RETORNO DA BOLHA IMOBILIÁRIA AMERICANA

SAQUEM TUDO DAS CONTAS URGENTE

https://www.ocafezinho.com/2017/07/31/analista-do-estadao-faz-alerta-sinistro-as-elites-economicas/

fernando

31/07/2017 - 23h50

se não explodiu até agora, não explode mais…o povo e a esquerdas não tem coragem de transformar o brasil na Síria da AL!!!

Marcos

31/07/2017 - 23h23

Tudo é possível de acontecer , inclusive nada …

Pedro paulo de Souza

31/07/2017 - 23h01

Concordo com o que escreveram,na hora que explodir ai que vai acordar,aí já é tarde

Luiz Carlos P. Oliveira

31/07/2017 - 19h52

CLÁ: endosso suas palavras. A midia dividiu o país em prós e anti Lula. É comum nas redes sociais as postagens sobre “PT comunista”. A ignorância é demais.

Luiz Carlos P. Oliveira

31/07/2017 - 19h48

Pronto. Os coxinhas vão dizer que o Toledo é comunista. Logo, logo, aparece um coxinha aqui para rebater o jornalista.

    De Silva

    01/08/2017 - 03h26

    Bem, vivemos nos extremos de diversas realidades, com exceção das consequências decorrentes, ja wue todos querem o poder sem se importarem com quem vai sair perdendo, os pobres. Palmas à inteligência ignóbil .

naldo

31/07/2017 - 19h08

Uma das primeiras medidas de uma nova constituinte seria tirar a capital do país de brasilia, a distancia e o clima oficial ajuda os canalhas a se esconderem, a pressão popular é inexistente, quando há algo importante a ser votado fazem caravanas para acompanhar mas se não interessar votarem espertamente se utilizam do vista ou do cancelamento, e é facil cancelarem tudo por lá, e remarcarem tudo para daqui a quinze vinte dias incertos adiante e com isso arrefecerem o animo do povo. A maior cagada da republico foi construir essa ilha de fantasia, luxuria e podridão no meio do país.

    WILSON PAGANO

    31/07/2017 - 21h39

    Concordo! Se a capital federal fosse Rio, São Paulo, BH ou em outra cidade, com certeza o congresso e seus ocupantes já teriam caídos. Brasilia os cidadãos que lá moram na maioria são comerciários e funcionário públicos que pouco se importam com o que esta acontecendo no resto da Nação. Foi talvez o único engano de Juscelino .

Hocus Pocus

31/07/2017 - 18h20

Discordo.Não acontecerá ABSOLUTAMENTE NADA que possa ser chamada de liberação de protesto reprimida.Falar de Junho de 2013,hoje claramente identificado como um movimento de desestabilização do governo Dilma é piada.Não existe comparação com nenhum período recente de nossa história.Vivemos numa época dominada pela massificação de atitudes e pensamentos individuais ,não solidários, de desprezo pelo intelecto de exacerbação da imagem e descaso com o conteúdo .Se historicamente o trabalhador brasileiro não se assemelha nem minimamente com seus pares hispânicos na energia reativa ,hoje pelas razões descritas acima virou um autentico zombie .”Salve-se quem puder ,e quem não,só lamento”
O GOLPE se esgotará na sua própria incompetência,na sua imoralidade ,até lá,…oremos.

Atreio

31/07/2017 - 18h01

VOLTA DILMA
e tudo se resolve..

foi o decidido em 2014, lembram?
e não houve crime nenhum no pataquada da janaina rivotrix em 2016…..então…..

ANULA STF!
ANULA PGR!

VOLTA DILMA!!!!!

Clá

31/07/2017 - 15h12

Com todo o respeito que devo ao jornalista do “Estadão” e aos jornalistas do “Cafezinho”: se fosse em qualquer outro país do mundo, seria válida essa teoria do acúmulo de pressão (insatisfação social) até um ponto de inflexão. Mas, no Brasil? Um país onde, passados um ano do golpe “soft”, a população continua olhando para o celular, rindo e babando? Neste país, chamado Brasil, infelizmente, eu tenho certeza que essa teoria não funciona. Não funciona porque veja:
1) as pessoas escolarizadas (a maioria, pelo menos) não sabe, sequer, o que é direita e o que é esquerda.
2) a lavagem cerebral promovida pela mídia, que transformou o Lula no depositário de todo o ódio represado nas pessoas, foi muitíssimo bem sucedida. Com a ajuda do judiciário e por meio de grosseiras deformações jurídicas, esse bode expiatório chamado Lula já teve sua sentença proferida. A classe mérdia tem sangue nos olhos, a faca nos dentes e merda na cabeça: eles querem o Lula na prisão! Para quê? Para ver Bolsonaro em 2018!
Resumindo: os EUA e a União Européia – a quem mais interessa a destruição brasileira – contam com uma classe mérdia absolutamente alinhada com o golpe. Em um país assim, meus caros jornalistas, sem querer desmerecer as suas teorizações, qualquer aumento de pressão por insatisfação é arrefecido com a prisão de um bode expiatório, seja ele qual for. A população não tem condições mínimas – veja o que eu disse MÍ-NI-MAS – de compreender o que está acontecendo. Um belo dia, quando acordarem, já estarão na Nova Ordem Mundial. E aí? Vão pedir para Soros, Rockfeler, Rotschild e Koch para revogá-la? É muita burrice, ignorância e arrogância concentrada em um único espaço geográfico! Infelizmente, caros jornalistas! Eu espero, com muita vontade, que eu esteja absolutamente errada e que a teoria de vocês se confirme. Mas, sinceramente, eu não acredito.

    Anderson

    31/07/2017 - 16h35

    Concordo com vc Clá!!

    No Brasil, as indgnações so acontecem se a grande mídia noticiar, fatos e versões com o tom de absurdo ou inconformismo, caso contrário, tudo é noticiado como se fosse natural e aceitável, e por mais titulos que o telespectador da grande mídia tenha, ele aceitará o que for dito, sem questionar. Além disso, defenderá tal posição como se fosse sua opinião construida, sobre profundas reflexões!!

    Sou contra o que vou dizer, mas é tão ridiculo, triste e vergonhoso, constatar isso, que chego a pensar que este tipo de gente merece ser humilhado, por quem tanto defende.

    Maria Thereza Freitas

    31/07/2017 - 18h26

    Infelizmente, concordo com vc. Reações conscientes não são nosso ponto forte. Há mais de um ano que estamos sendo solapados de todas as maneiras e tudo vai sendo encarado com naturalidade. Alguns ainda acham que só “os outros” serão atingidos. Os ricos de verdade não se importam, pois tem um milhão de maneiras de preservar patrimônio, dinheiro, status. Os mais pobres já estão acostumados com a exploração, a vida apertada. A classe média em todos os seus matizes vai se espremendo e tentando “chegar lá”, sem perceber que é apenas escada pra acumulação de riqueza de poucos, onde ela não está incluída. Nem sei se teremos eleição em 2018. Não creio que tenham feito tudo isso por 2 anos de mandato, a não ser que até lá já tenham entregue tudo e recebido as devidas comissões.

Pascual

31/07/2017 - 14h24

Tal como “hablava mi abuelito”: A cortar as cabeças… Não com as guilhotinas, mas sim, com as foices sedentas de justiça!

TATI

31/07/2017 - 14h06

Algo de diferente aconteceu comigo este final de semana. Sentei-me no quintal e fiquei refletindo sobre tudo que está acontecendo em nosso País. Uma imensa tristeza me abateu…
Em nenhum momento essa tal elite que foi para as ruas pensou em nós menos favorecidos … sim nós assalariados estamos sofrendo as consequências. Quando vou ao mercado e quase não consigo comprar as mesmas coisas , quando não sobra dinheiro para quitar todas as contas, quando vejo que tenho parentes e amigos desempregados, quando vejo que as novas reformas trabalhistas tiraram nossos direitos… Meus Deus tantas perdas… È muito triste porque justo agora as pessoas não vão pras ruas… A mídia não nos defende. Quando falam sobre a reforma trabalhista na televisão entrevistam sempre um empresário que diz ser bom para o trabalhador. O que vai ser de nós daqui pra frente… É muita tristeza … Muita tristeza…

luiz

31/07/2017 - 13h46

Então, Diretas já! Se for pra sair MT e entrar o Botafogo, a nova aposta do globo, é trocar 6 por meia dúzia. Por que o STF não julga o Impeachment?

Carlos

31/07/2017 - 13h40

Miguel meu comentário não saiu.

Carlos

31/07/2017 - 12h44

Em ultima analise eu diria,que um vulcão está prestes a entrar em erupção,poderá de uma forma trágica vir a ser uma nova Pompeia,é aguardar pra ver,uma vez que nenhum destes senhores feudais não tem a capacidade de ver o óbvio.


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