O Instituto Paraná Pesquisas não merece nenhuma confiança. Fui dar uma olhada no histórico das pesquisas deste ano e tomei um susto. Ele presta assessoria à Lava Jato e ao PSDB. Há diversas pesquisas com uma pergunta só, do tipo: você gosta da Lava Jato? Você concorda com a liberdade de Dirceu? E a mais patética de todas: você acha que o triplex é de Lula?
Nenhuma pesquisa sobre os flagrantes do Aécio, claro…
Pois então. Mesmo assim, a pesquisa realizada nos dias 24 a 27 de julho, ou seja, já com a condenação de Lula bastante divulgada e explorada pela grande imprensa, mostra que o ex-presidente continua liderando, isoladamente, as pesquisas de intenção de voto.
Não sei porque o Paraná Pesquisas não fez um comparativo com suas próprias pesquisas anteriores. Eu tive que ir no arquivo do instituto para encontrar a pesquisa eleitoral de maio (antes da condenação de Lula por Sergio Moro), para comparar.
Pois bem, no geral, Lula manteve, na pesquisa atual, os mesmos 25,8% de maio (o Instituto Paraná é tão preguiçoso que não mudou nem os decimais do ex-presidente). Provavelmente, Lula cresceu e o instituto não teve coragem de mostrar isso, mas teve escrúpulos suficientes para não mostrá-lo em queda.
Pesquisa atual: 24 a 27 de julho de 2017
Pesquisa maio: 25 a 29 de maio de 2017
Vê-se que Bolsonaro cresceu um pouco. Aliás, Bolsonaro já é, de longe, o principal adversário de Lula, justamente por encarnar o “antipetista”. O fascismo midiático cobra seu preço.
A própria pergunta mostra quão tendencioso é o instituto, mas deixa para lá.
Bolsonaro já ganha em alguns segmentos importantes: em regiões inteiras do país, como no Sul e no Centro-Oeste/Norte, e em faixas de renda mais altas.
A força de Bolsonaro está nas “esclarecidas” classe A e B. Neste segmento, ele lidera com 21,6%, contra 15% de Lula e 16% de Doria. Nas classes mais baixas, a partir da C, porém, a força de Lula cresce. Nas classes D e E, Lula tem 39%.
Num eventual segundo turno, Lula ganha em todos os cenários, com relativa folga. O candidato que mais pode ameaçá-lo continua sendo… Bolsonaro. Até mesmo Marina Silva, que até outro dia ganhava (embora com margem apertada) de Lula no segundo turno, perdeu força e está mais de 7 pontos atrás.
O que me chamou atenção na pesquisa, contudo, foi o crescimento de Lula entre os mais jovens. De maio a julho, a intenção de voto em Lula entre jovens eleitores até 24 anos passou de 26 para 30% e dos jovens de 25 a 34 anos, de 21,6% a 28%. Bolsonaro seguiu na direção inversa: está perdendo votos da juventude e ganhando dos mais velhos.
O gráfico é o que abre o post.
Essa é uma matemática, naturalmente, que ajuda Lula, visto que os jovens representam, quase sempre, as tendências mais fortes.
Doria também perdeu, de maio a julho, votos na juventude…
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Quanto à rejeição, ela é praticamente igual entre Lula e Bolsonaro. A de João Dória está crescendo à medida em que as pessoas o vão conhecendo.