(“To muito louco kkk”)
Por Pedro Breier
Geraldo Alckmin recebeu a cúpula do DEM para um jantar, na última segunda-feira. O site Poder 360 falou com um dos presentes, sem revelar qual, e divulgou algumas considerações e análises de conjuntura feitas pelos comensais. Reproduzo as mais inacreditáveis em negrito e comento entre elas:
- Michel Temer se mexeu – o presidente atuou no campo no qual é especialista: agradar congressistas com cargos e liberação de emendas;
- Centrão mordeu a isca – os partidos que 1 dia estiveram com Eduardo Cunha enxergaram uma janela de oportunidade. Salvarão Temer e devem sair com os bolsos cheios de cargos e verbas;
Lembram dos tucanos e demistas bradando contra a corrupção nas micaretas coxinhas? Era apenas um teatro – de péssima qualidade – para enganar trouxa. A verdadeira face dessa turminha do bem fica evidente na singela análise acima, feita com toda a naturalidade do mundo, de que Temer obteve sucesso no que é especialista: comprar deputados com dinheiro público.
- Ruas vazias – a completa ausência de manifestações orgânicas pela queda de Temer é outro fator que anima os deputados a salvar o presidente sem medo de retaliação nas urnas;
Oi? Não há manifestações de rua, logo não haverá retaliação nas urnas? A capacidade de raciocínio lógico dos ilustres representantes da direita-raiz brasileira parece não estar muito em dia.
- PSDB fica com Temer – seria precipitado e inconveniente os tucanos saírem oficialmente da administração federal;
- 2018 e desembarque – estar ao lado de Temer no ano que vem preocupa a todos. A hora de abandonar o barco, se isso ocorrer, será na virada de 2017 para 2018.
É precipitado e inconveniente o PSDB sair do governo Temer. Melhor deixar para a virada, talvez porque todo mundo vai estar distraído olhando os fogos de artifício. Fico me perguntando o que é necessário um presidente fazer para que os tucanos avaliem que chegou a hora de sair fora. Ser pego falando em mandar matar alguém, talvez? Opa, peraí…
- Reformas devem andar – essa é a única saída vista por PSDB e DEM para ter alguma sobrevivência política agora e em 2018. As siglas devem aprofundar o discurso da chamada “modernização” do país;
A única saída para sobreviver politicamente é aprovar reformas que rebaixam as condições de vida das trabalhadoras e trabalhadores e, justamente por isso, são rejeitadas pela esmagadora maioria da população. Não faz sentindo nenhum, mas dá uma pista do porquê a direita não se cansa de perder eleições presidenciais.
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O universo paralelo criado pela Globo para proteger os políticos amigos aparentemente jogou os caciques de PSDB e DEM em uma espécie de viagem psicodélica permanente. Apenas pesados alucinógenos explicariam análises tão descoladas da realidade, sem lógica ou sentido algum.
No caso, trata-se de doses cavalares de, ao invés de LSD, manipulação midiática diária.
Eles estão curtindo a parte divertida da viagem: euforia, otimismo, felicidade, desconexão com a realidade, dificuldade de concatenar pensamentos lógicos.
Porém, tão certa como o fato de que o sol nascerá amanhã, a bad trip eleitoral virá.
E vai ser das pesadas.