Apesar da blindagem do governo Temer, cujas reformas são defendidas com unhas e dentes pela grande mídia, a qual, além disso, manipula descaradamente o noticiário econômico, tentando amenizar os números trágicos da crise, e apesar também da Lava Jato, que ainda tenta, desesperadamente, controlar a agenda política, os brasileiros começam a acordar para os efeitos desastrosos do golpe.
Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje (e a CNI, não esqueçamos apoiou o golpe e apoia o governo Temer, ou seja, é capaz de estar distorcendo os dados em favor do governo), não apenas a aprovação do governo Temer continua despencando, como já existe uma maioria crescente de brasileiros que acha que o governo Dilma era muito melhor do que o atual. O encanto manipulador da mídia começa a se dissolver em contato com a realidade.
Mais importante: criou-se uma dinâmica.
A boca do jacaré está se abrindo. É a pior avaliação de um governo na história da república.
A luta contra o golpe, que é uma guerra narrativa, continua acirrada. Na guerra assimétrica entre os meios alternativos, desorganizados, independentes, e a grande mídia chapa-branca, a mais concentrada do mundo, e que recebe cada vez mais dinheiro do governo (na contramão do ajuste fiscal), os primeiros, por incrível que pareça, vem conquistando, paulatinamente, modéstia vitória na opinião pública.
Infelizmente, o Estado de Exceção não parece mais ligar para a opinião pública.
Observe, além disso, que os institutos de pesquisa pararam de perguntar se os brasileiros acham que o impeachment foi favorável ao Brasil ou ainda se consideram que o impeachment foi golpe. Tomariam uma surra se o fizessem e atrapalhariam as narrativas.
Também tem medo de perguntar se os brasileiros aprovam a destruição de empresas em nome da luta contra a corrupção.
O que importa é que a Globo – porta voz do “mercado” – pensa e ponto final.
As perspectivas dos brasileiros, em relação ao futuro, são péssimas e pioram a cada dia mais.
A sustentação política do governo Temer se deteriora de maneira acelerada.
Isso explica porque a Globo, principal articuladora do golpe de Estado de 2016, e que protagonizou o mais abjeto chapa-branquismo em relação a Temer, chegando a mandar o seu principal repórter político perguntar, na primeira grande coletiva de imprensa, “como Temer conhecera sua atual esposa”, ao invés de abordar os problemas nacionais, tenta agora se descolar da imagem de Temer. Não cola, porém. Globo é Temer e Temer é Globo.
***
O Cafezinho simplificou as tabelas com os dados estratificados. Observe que o eleitorado mais de esquerda, ou seja, aquele mais classista, mais pobre, mais nordestino, rechaça de maneira muito contundente o governo Temer.
O governo Temer é mal visto por todas as classes sociais e em todas as regiões. Em todos os segmentos, as pessoas o consideram pior que o governo Dilma. Entre os mais pobres, porém, temos apenas 8% que acham o governo Temer melhor que o governo Dilma, e 60% que o acham pior que o governo Dilma.
Entre quem possui ensino superior, os números também são ruins para Temer: 45% acham o governo péssimo, 90% não tem confiança no presidente, 48% acham Temer pior que Dilma e somente 13% o acham melhor que Dilma.