A leitura que eu faço da pesquisa Ipsos, divulgada ontem, é que os brasileiros rejeitam o golpe de Estado perpetrado ano passado pelo consórcio mídia-judiciário-corruptos.
Em outubro de 2014, quando a presidenta Dilma obteve uma rápida janela para se comunicar diretamente com o povo, em função da campanha eleitoral, a aprovação aos rumos do país disparou para 60%. Ou seja, a mesma população que deu vitória a Dilma acreditava nos rumos que ela havia prometido.
O pior erro de Dilma foi ter nomeado Joaquim Levy para o ministério da Fazenda. O famigerado “ajuste”, pressão da mídia, bancos e sistema financeiro em geral, revelou-se o maior tiro no pé da história mundial, porque derrubou brutalmente as receitas fiscais, trouxe impopularidade à presidenta e produziu a atmosfera propícia ao golpe que matou a estabilidade política brasileira por, no mínimo, uma década.
Entretanto, as forças que exigiram a presença de Levy no governo são as mesas que apoiaram o impeachment-golpe, sustentam as reformas trabalhistas e chancelam os arbítrios da Lava Jato: forças antinacionais, antiprodutivas e antipopulares.
A rejeição quase unânime aos rumos do país e ao governo Temer, portanto, é uma rejeição ao golpe. As linhas vermelhas coincidem com as movimentações conspiratórias para derrubar Dilma e voltaram a subir assim que a população se deu conta das intenções do novo governo formado.
A mídia nunca vai fazer essa análise, porque ela é um agente político, mas a rejeição absoluta aos “rumos do país” é também uma rejeição à Lava Jato e à insanidade do sistema judicial, que vem destruindo empresas e produzindo instabilidade com tanta violência, que parece ter se descolado da ideia de soberania e interesse nacionais, e estar trabalhando a serviço de forças estrangeiras.
A avaliação do governo permanece alta (e a desaprovação, baixa) até o final de 2014, quando as conspirações em favor do golpe vêm a tôna e começam a agir de maneira mais aberta.
Lula permanece o político com os maiores índices de aprovação do país, com 29%. A última data da pesquisa de campo do relatório da Ipsos é o dia 14 de julho, portanto após a condenação de Lula por Sergio Moro. O segundo político melhor avaliado é Marina Silva, mas não sei se ela conta, porque nunca governou nada e fica sempre em cima do muro.
É interessante observar que o terceiro político mais bem avaliado nacionalmente é Dilma Rousseff: 17% dos entrevistados disseram aprová-la. É mais de cinco vezes a aprovação daquele que a substituiu, Michel Temer, cuja aprovação é de apenas 3%.
FHC, paparicado pela imprensa e por Sergio Moro, blindado, sem nenhuma campanha midiática contra ele, tem rejeição de 71%, superior a de Lula.
Aécio Neves entrou para o time dos morto-vivos, integrado por Temer e Cunha.
Os outros tucanos, como José Serra, FHC e Geraldo Alckmin, tem rejeição superior ou igual a de Lula – embora naõ cheguem perto de seus índices de aprovação.
Se quiser comparar os dados de julho com a pesquisa do mês anterior, esta última se encontra aqui.