Os produtores nacionais agora enfrentam na própria pele o problema da mídia brasileira.
O governo Temer poderia facilmente ter conseguido os 10 bilhões de reais, que espera arrecadar com a elevação dos impostos sobre combustível, sem onerar a produção nacional.
Poderia, por exemplo, ter elevado ou criado tributos sobre lucros do mercado financeiro, sobre a atividade bancária, sobre os ultrarricos.
Preferiu elevar o custo do transporte no país.
O Brasil é o maior exportador mundial de grãos e carnes.
Nesses dois produtos, competimos diretamente com os Estados Unidos.
Um estudo feito pela Associação de Transportadores de Carga do Mato Grosso (publicado pelo jornal Gazeta, há alguns anos) revelava que o diesel respondia por 60% do custo do transporte de carga nesse estado, que é um dos maiores produtores de grãos do país.
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o gasto com diesel representa 10,5% do custo operacional da soja.
Depois da Lava Jato atacar a indústria, com ajuda do governo, que suspendeu investimentos e determinou a paralisação dos financiamentos dos bancos públicos, Temer agora toma medidas que reduzem competitividade dos únicos setores que ainda funcionam na economia brasileira.
E isso num momento que o governo Trump promove um corte radical de impostos nos Estados Unidos. Ou seja, os EUA ficam mais competitivos, e nós, menos.
O Brasil, além de não construir ferrovias para escoar a produção nacional, ainda eleva os impostos sobre o diesel, responsável por 46% da matriz veicular nacional, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo.
Lembrando que o aumento dos impostos incidirá sobre os principais combustíveis usados no país: gasolina, diesel e etanol.
Ainda estamos tentando entender se a elevação tributária sobre o diesel incidirá também sobre a importação desse combustível, ou se prejudicará ainda mais a produção nacional de derivados de petróleo na sua relação com o produto importado.
Na última edição do Cafezinho Econômico, nossa coluna semanal de economia, mostramos que, após a Petrobrás reduzir a produção nacional de derivados, os EUA assumiram o controle sobre 83% da importação brasileira de óleo diesel.