Por Wellington Calasans, Colunista do Cafezinho
As recentes manifestações de resistência ao golpe em curso no Brasil são mais maduras, pois menos espalhafatosas, menos eleitoreiras e mais focadas no objetivo de reconciliação nacional e defesa dos interesses do Brasil. Quando a luta de classes fica escancarada, melhor buscar o diálogo.
A Frente Ampla Parlamentar, presidida pelo Senador Roberto Requião, o Projeto Brasil Nação, liderado pelo Professor Bresser Pereira e o recente Manifesto Pela União Nacional, lançado pelo ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, são consistentes e apontam para a necessária saída do impasse.
Nos três casos fica evidente que não há outra saída que não seja pela via política. A tentativa de introduzir, via justiça, figuras importadas de Batman e Herry Potter como salvadoras da “grande vilã corrupção” não funciona por não convergir com a aspiração dos brasileiros de querer votar e escolher os seus representantes.
Aqueles que lutaram para derrubar Dilma e hoje, em boa parte, trabalham para derrubar Temer têm pressa de impor uma agenda unilateral. Rodrigo Maia tem sido forjado na mesma mídia como “conciliador”, mas o problema político, social e econômico no qual mergulharam o Brasil só poderá ser resolvido com a pacificação, a unidade nacional.
Eleições Gerais imediatas ou um governo de transição, as opções estão postas e é necessário agarrá-las. A “fábrica de laranjas” que cria falsas soluções para problemas profundos não consegue mais cumprir o seu papel de “gerar a paz”, pois ao optar pela agenda da minoria, negligencia as escolhas democráticas das urnas nas últimas quatro eleições.
A evidente interferência da justiça no atual cenário político dá ao Brasil características perigosas que se assemelham ao “Velho Oeste” dos filmes. Quando a justiça tem lado, e a condenação sem crime de Lula escancarou isso, a própria justiça entra no “jogo” como inimigo a ser tombado.
Não será de fora do Brasil que virá soluções. Exemplos de fracassos nas intervenções e mediações estrangeiras em casos de crise de alguns países ratifica isso. É preciso que seja resgatada a ordem interna, pois sem ela não há a paz necessária para o diálogo. Setores econômico, judiciário, político, social e a imprensa precisam conhecer os próprios limites.
A atuação harmônica e respeitosa entre as forças, onde todas tenham o respeito pelos interesses da Nação como referência obrigatória é o caminho imediato para que possamos chegar ao necessário entendimento. Após isso, devolver ao povo o seu direito de exercer o voto como ferramenta participativa, sem a ameaça do patrocinador privado de campanha e com o rigor na observação das propostas de cada candidato. E aqui o apelo democrático deste jornalista: cumpra-se!