Todos.
Ancelmo Gois, Ricardo Noblat, Miriam Leitão e Merval Pereira.
O time inteiro de pistoleiros da Globo foi escalado para atacar as senadoras que fizeram um protesto contra a presidência da casa, contra a reforma trabalhista.
O jornal não deu nenhuma informação sobre os atropelos do regimento, a ausência de debate, os protestos de juízes do trabalho, sindicalistas e movimentos sociais, o apelo desesperado de economistas que alertavam para a insanidade dessa proposta, que impõe, sem nenhum tipo de planejamento mais elaborado, mudanças dramáticas, drásticas, no regime de trabalho do país.
O jornal também não deu nenhum destaque, possivelmente sequer mencionou a consulta pública feita pelo Senado sobre a reforma trabalhista, cujo resultado foi humilhante para o governo. Das quase 190 mil pessoas que responderam, 91% dos consultados se posicionaram contra a reforma trabalhista do governo Temer.
A profundidade da fratura democrática no Brasil fica bem claro com a aprovação de uma reforma tão hostilizada pela sociedade.
Quando o debate gira em torno das questões penais, a mídia, e mesmo alguns juízes, costumam pressionar o sistema judiciário (que deveria ser um poder contramajoritário, única razão pela qual ele é independente do voto), para que ele se curve aos anseios da maioria.
Quando o debate vem para seara política, uma dimensão em que a voz da sociedade deve ser ouvida, respeitada e, se possível, acatada, aí a mídia, e os próprios políticos, entendem que podem se posicionar contra a vontade de 91% da população!
Essa é uma das características do regime de exceção.
O roteiro do golpe foi relativamente simples, apesar de brutal:
1) A Lava Jato destroi empresas, empregos, debilita os partidos de esquerda, prepara o impeachment.
2) O governo que assume o poder alija completamente as forças políticas que se elegeram nas urnas. Ora, impeachment num regime presidencialista é para tirar apenas o presidente e não para mudar completamente o governo. O que houve foi um golpe.
3) O Estado Nacional é desossado. Empresas públicas são privatizadas ou fatiadas. O pré-sal é entregue praticamente de graça para a exploração estrangeira. Os bancos públicos são criminalizados, paralisados, sabotados.
4) O presidente da república golpista envia para o congresso uma reforma, que não é discutida na sociedade. Ao contrário, é praticamente escondida da opinião pública. A mídia não a contextualiza no âmbito das legislações trabalhistas do resto do mundo nem oferece à sociedade um debate plural, onde seria possível ouvir as diferentes opiniões.
5) A Lava Jato mantém o principal líder trabalhista sob fogo cerrado, impedindo-o de liderar uma luta política contra reformas que revogam direitos históricos da classe trabalhadora.
6) A reforma é aprovada.
7) Sergio Moro decide pela condenação de Lula, pautando a agenda política do país.