Por Wellington Calasans, Colunista do Cafezinho
Sabemos que o Brasil é hoje conduzido por um bando de desonestos e desesperados. Políticos que já escreveram os nomes no lixo da história tentam salvar a própria pele. Para isso não sentem sequer vergonha do serviço sujo a que se prestam. Colhemos hoje os frutos do poder do dinheiro privado no patrocínio das campanhas eleitorais. A maioria da sociedade não é representada por isso que está aí.
Senadores da oposição, com ênfase nas mulheres senadoras, fizeram mais do que o possível para impedir a revogação da Lei Áurea. Retardaram ao máximo a votação da “Reforma dos Empresários”, tentaram emplacar uma emenda que daria a possibilidade de reabrir o debate sobre o tema, etc. Perderam “de tratorada”, nas palavras da Senadora Gleisi Hoffmann (PT – PR).
A CLT foi revogada em uma terça-feira das trevas. Após as senadoras promoverem um dos mais belos trabalhos de resistência com a ocupação da mesa, luzes foram apagadas, som dos microfones foi cortado, transmissão (da TV e Rádio Senado) interrompida. Tudo isso para justificar a sobrevida de um governo moribundo e a entrega, aos patrocinadores do golpe, da encomenda que visa unicamente a destruição dos direitos dos trabalhadores.
Era escancaradamente visível, naqueles que – em maioria – aprovavam um pacote de maldades contra os trabalhadores, um flagrante distanciamento do sentimento real da sociedade. Os discursos, dos poucos que tiveram coragem de botar a cara para defender algo tão cruel contra o povo, sobretudo contra as mulheres, beiravam o ridículo. Tentaram argumentar algo tão profundo com um falatório raso, fundamentado nas manchetes falsas da imprensa patronal.
O Brasil deu um mergulho no passado. Nada, além da falta de compromisso com o país e com o povo, irá explicar no futuro próximo a irresponsabilidade de banir a justiça do trabalho e a possibilidade de convívio sadio entre empregadores e empregados. A falácia de que as novas medidas irão gerar mais empregos será revelada uma farsa, como uma farsa também foi a promessa de que a “ponte para o futuro” daria estabilidade política e a retomada econômica ao País.
Dos poucos políticos que ainda pensam no povo, precisamos focar naquilo que é plausível. O Referendo Revogatório, defendido há meses pelo Senador Roberto Requião (PMDB – PR), exige muito mais luta e resistência política, mas é o caminho que restou para quem defende a democracia.
É fácil de perceber que as leis e regras que regulamentam o equilíbrio das forças entre patrão e empregado serão imploradas de volta, sobretudo pelos pequenos e médios empresários, num curto espaço de tempo. O caos está oficializado e contra ele somente uma borracha para apagar este capítulo tão medíocre da nossa história. É preciso reparar este erro. Sejamos abolicionistas.