(“Nenhum constrangimento”. Foto: Reprodução/Senado)
Por Pedro Breier, colunista do Cafezinho
- Aécio Neves: Oi, Gilmar. Alô.
- Gilmar Mendes: Oi, tudo bem?
- Aécio: Você sabe um telefone que você poderia dar que me ajudaria na condução lá. Não sei como é sua relação com ele, mas ponderando… Enfim, ao final dizendo que me acompanhe lá, que era importante… Era o Flexa, viu? [Aécio se referia ao senador Flexa Ribeiro]
- Gilmar: O Flexa, tá bom, eu falo com ele.
- Aécio: Porque ele é o outro titular da comissão, somos três, sabe?… Né…
- Gilmar: Tá bom, tá bom. Eu vou falar com ele. Eu falei… Eu falei com o Anastasia e falei com o Tasso… Tasso não é da comissão, mas o Anastasia… O Anastasia disse “Ah, tô tentando… [incompreensível]…” e…
- Aécio: Dá uma palavrinha com o Flexa… A importância disso e no final dá sinal para ele porque ele não é muito assim… De entender a profundidade da coisa… Fala ó… Acompanha a posição do Aécio porque eu acho que é mais serena. Porque o que a gente pode fazer no limite? Apresenta um destaque para dar uma satisfação para a bancada e vota o texto… Que vota antes, entendeu?
- Gilmar: Unhum.
- Aécio: Destaque é destaque é destaque… Depois não vai ter voto, entendeu?
- Gilmar: Unhum. Unhum.
- Aécio: Pelo menos vota o texto e dá uma…
- Gilmar: Unhum.
- Aécio: Uma satisfação para a ban… Para não parecer que a bancada foi toda ela contrariada, entendeu?
- Gilmar: Unhum.
- Aécio: Se pudesse ligar para o Flexa aí e fala…
- Gilmar: Eu falo pra com ele… E falo com ele… Eu ligo pra ele… Eu ligo pra ele agora.
- Aécio: …[incompreensível]… importante.
- Gilmar: Ligo pra ele agora.
- Aécio: Um abraço.
Esta é a transcrição do áudio de uma conversa entre Gilmar Mendes e Aécio Neves, divulgado em maio pela PF, na qual Aécio pede a ajuda de Gilmar para convencer o deputado Flexa Ribeiro a acompanhar a posição do senador afastado em uma votação do projeto sobre abuso de autoridade.
O grampo demonstrou de forma cabal que Gilmar não atua partidariamente apenas dentro do STF. O seu tucanismo faz com que jogue a toga para o alto e simplesmente participe de articulações políticas miúdas, como se fosse um lobista partidário, em favor do ex-presidente do PSDB.
Um escândalo de proporções mastodônticas, obviamente tratado como corriqueiro pela mídia parceira.
Na última sexta-feira, Gilmar Mendes foi sorteado na roleta confiabilíssima do STF para relatar um dos inquéritos a que Aécio responde.
Hoje, Gilmar falou que não se sente “nada impedido” e que não vê “nenhum constrangimento” em relatar o caso.
Não é uma maravilha ter a amizade dos que controlam a informação no Brasil com mão de ferro e manipulam os ódios políticos nacionais de acordo com seus interesses?