A coluna de Monica Bergamo, na Folha, diz que a Lava Jato “estuda como preservar bancos do impacto da delação de Palocci”
A nota informa, em seguida, que “a força-tarefa da Operação Lava Jato está apreensiva com o impacto da delação de Antonio Palocci no sistema financeiro do país. Estuda uma forma de, ao contrário do que ocorreu com as empreiteiras, preservar as instituições e os empregos que geram.”
Um trecho:
“Uma das ideias que já circularam seria a de se promover uma complexa negociação com os bancos antes ainda da divulgação completa dos termos da delação de Palocci. Quando eles viessem a público, as instituições financeiras já teriam feito acordos de leniência com o Banco Central, pagando as multas e liquidando o assunto. Isso em tese evitaria turbulências de proporções ainda maiores do que as inevitáveis.
(…) Empreiteiras como a Odebrecht sofreram graves consequências quando os escândalos em relação a elas se tornaram públicos. Tiveram que demitir em larga escala, paralisaram atividades, enfrentaram problemas de financiamento e se desfizeram de patrimônio. Algo parecido ocorre agora com a JBS.
Quer dizer que destruir o setor de construção civil, de óleo e gás, de energia, desestabilizar o setor agropecuário onde o Brasil é líder mundial, isso pode?
Mas aí quando chega nos bancos, um setor que não produz nada, aí a Lava Jato quer tomar cuidado?
O pior é que a coisa toda cheira muito mal. É bizarro que qualquer procurador detenha um poder tão descomunal, para forçar empresas a fazer “acordos de leniência” antes mesmo de saber de que são acusadas.
A Lava Jato produziu uma jurisprudência tão grotesca, tão autoritária, que passou a valer tudo.
Ninguém parou para pensar que esse poder absoluto do MPF é altamente corruptor?
É saudável que a Lava Jato pense (meio que tarde demais) em evitar quebradeira das empresas e desemprego. Devia ter feito isso antes de destruir a economia brasileira.
Mas esses acordos devem ter a participação do judiciário e do presidente da república. Não desse presidente, que a própria Lava Jato levou ao poder através de um golpe do qual ela foi a principal fiadora, mas de um presidente eleito pelo povo.