Volte, imediatamente, Michel!
Fora no seu tempo, em que as notícias urgentes chegavam por telegrama, e você receberia um nesses termos. Era assim que as pessoas se comunicavam, por telegrama. Em geral a chegada de um alarmava toda a família, quando entregue pelo Correio. Podiam portar más notícias. Recebemos um, em casa, por ocasião da morte prematura do tio Jurandir, que morreu gargalhando, entalado com um pedaço de pão, durante um almoço. O papelucho passou de mão em mão dos adultos, arrancando expressões de dor.
Agora, quando a tecnologia voa, esta mensagem poderia lhe chegar por watsApp, a fim de facilitar as coisas. Não que estejamos com saudades. Longe de nós, que o queríamos fora, imagine por perto… É que estamos constrangidos com esse seu giro internacional. Não está nos fazendo bem. A nossa imagem no exterior, já bastante combalida, ficou seriamente comprometida com essa sua viagem. Seus assessores vão de mal a pior. E você, Michel, considerado um bom constitucionalista, (até chegar aí, por vias transversas e atropelar também o Código Civil), não deve ter tido muito tempo para estudar Geografia e História. Do contrário não permitiria ou cometeria tantas atrocidades e desencontros de informação.
Primeiro você anunciou que viajaria para uma república que não existe mais. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas acabou em 1991. Pena não ter chegado ao seu conhecimento. Pensamos que era um despiste. Na situação incômoda em que você se encontra, talvez você quisesse “dar um pinote”, não voltar…
Depois aquele embaraço de ser recebido pelo terceiro escalão, deixando evidente o quanto despencamos em prestígio desde que perdemos o brilho, a democracia, enfim. Houve uma época em que a nossa chefia foi vista como “o cara”. Agora, passamos pelo “carão” de sermos ignorados. Está difícil, Michel.
E, cá para nós, com razão, não é mesmo? Você está envolto em tantas mentiras, que perdeu o senso, anda confuso. A gente entende. É mesmo difícil se situar em meio a tantas versões e nomes e cifras que você tem engendrado em sua defesa… Em algum momento a coisa embola. Quem sabe não seria melhor você lançar mão de um bloquinho, e ir anotando datas e versões para cada uma das versões que precisou dar? Neste caso, consultando os alfarrábios, ficaria mais fácil manter a coerência.
Mas bom mesmo era você voltar, imediatamente, ao país. Não foi bonito se encontrar com o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Vidal Helgesen, e ter que ouvir que ficaremos apenas com a metade do apoio financeiro concedido, porque continuamos a derriçar a Amazônia. Ver se apresentar para a coletiva convocada, apenas um jornalista local (do Norwegian Financial Daily), que só queria ouvi-lo falar sobre a corrupção que grassa por aqui, foi desagradável. E, ainda por cima, você ainda diz que vai ao encontro do rei da Suécia, quando o atencioso Harald V, da Noruega, fez a deferência de agendá-lo. Não dá. Você definitivamente não está bem. A propósito, Michel. Aproveite o vôo de retorno (não falte, Janot o aguarda), para dar uma recordada nos compêndios de Geografia e História.
Até cá!