Nova pesquisa traz Lula em alta. Bolsonaro, Dória e Marina em baixa

O blog Poder 360, constrangido em destacar, na pesquisa parceira do próprio espaço, a ascensão de Lula e o declínio de todos seus adversários, preferiu dar destaque aos “43%” de eleitores que ainda não escolheram candidato.

O número é exagerado, porque mistura o índice normal de abstenção, nulos e votos brancos, com o percentual de eleitores que, em função da distância do pleito, ainda não tomaram uma decisão. Além disso, a interpretação de que esses “43%” seriam eleitores que “ainda não escolheram nenhum presidenciável” está invertida. O número de indecisos é, ao contrário da manchete do Poder360, relativamente baixo, 12%. O número alto está entre aqueles que afirmaram votar nulo ou branco, 31%. Não acho certo misturar os dois números. Quem afirma que quer votar branco ou nulo quer votar branco ou nulo; não é um indeciso que “ainda não  escolheu um presidenciável”. É um cidadão que não quer votar em nenhum dos presidenciáveis apresentados nas enormes listas que lhe são oferecidas pelos agentes de pesquisa.

Dito isto, vamos aos números.

Não é necessário ser um grande especialista de marketing político para constatar que os dois pontos mais importantes da pesquisa são:

  1. A contínua ascensão de Lula, cuja candidatura já se vinculou ao “zeitgeist” político nacional. Os brasileiros ligam Lula ao combate ao golpe, ao governo Temer, à superação da crise. A tentativa de setores antipetistas fanáticos, de atribuir a crise econômica de hoje ao PT, esbarra nas recordações físicas, materiais, concretas, do povo brasileiro. Ele comeu melhor, viajou mais, teve mais emprego, recebeu aumento de salário, durante os governos Lula e Dilma. E isso se deu numa conjuntura de redução da dívida pública, pagamento das dívidas externas, e grande aumento das reservas internacionais. Se isso é “destruir o país”, então que venha mais destruição! O Poder360, é bom salientar, é a pesquisa mais conservadora de todas em relação a Lula. Datafolha, Ibope e Vox Populi dão números bem maiores a Lula. De qualquer forma, segundo o cenário 1 da pesquisa, Lula vem crescendo ou sustentando sua candidatura desde abril, e está hoje em 27%. Diante do massacre midiático que Lula sofre diuturnamente da grande imprensa, é um número admirável!
  2. O esvaziamento muito rápido, surpreendente até, de Jair Bolsonaro, cujos números despencaram de 21 para 14 em apenas um mês! A única explicação para uma fuga de eleitores tão grande foi sugerida pelo próprio Poder360: Bolsonaro bateu num teto, ficou mais exposto e agora, com mais informação sobre si mesmo circulando nas redes, está  perdendo votos. Provavelmente, Bolsonaro não conquistou, como muitos esperavam, o coração dos pobres. Estes estão voltando a Lula.

Esses são os pontos mais importantes. Outros que merecem alguma atenção é a fragilidade eleitoral do PSDB. Alckmin experimentou uma oscilação positiva de 3 pontos, de 4 para 7, mas ainda está menor do que era em abril último. Marina Silva perdeu mais da metade dos eleitores desde abril, e isso sem se arriscar, sem falar nada. Supõe-se que o perfil indeciso e enigmático irrita os eleitores, que atribuem essas características ao oportunismo político. Políticos que não se posicionam são tão ou mais rejeitados do que políticos que são derrotados em suas posições. Estes últimos ao menos se arriscaram, se expuseram. Os que não se posicionam são vistos como covardes.

O cenário 2, com João Doria, mostra que o tucano também parece ter atingido um teto. Ele oscilou dois pontos para baixo, de 13 para 11 pontos.

 

As informações da pesquisa são essas:

O estudo do DataPoder360, divisão de pesquisas do Poder360, foi realizado de 17 a 19 de junho de 2017. Foram entrevistados 2.096 pessoas com 16 anos de idade ou mais, em 217 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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