Joesley, a arma da Globo contra Temer, é só mais uma peça no tabuleiro anti-Lula
Por Renato Rovai
18 de junho de 2017
A entrevista de Joesley para a revista Época é de uma desfaçatez poucas vezes vista no jornalismo. Porque, em primeiro lugar, não é jornalismo.
É um acordo de empresas e empresários.
A JBS e a Globo construíram um pacto de que é preciso derrubar Temer para que ambas se salvem.
Este blogueiro já havia denunciado isso quando a delação de Joesley vazou pela coluna de Lauro Jardim. Uma fonte do blogue relatou que a informação chegou ao colunista por cima. E por isso, mesmo sem ter tido acesso ao áudio, Jardim topou registrar que Temer teria dado aval ao empresário-bandido de Goiás para que comprasse o silêncio de Cunha.
No papo que teve com o presidente-bandido há muita coisa absolutamente criminosa, mas não isso: “Dono da JBS grava Temer dando aval para compra de silêncio de Cunha” . E esse foi o titulo da nota que botou fogo no noticiário de 17 de maio.
A entrevista de Época é mais uma peça deste jornalismo de joint-venture entre a JBS e a Globo. O dono dos bois brasileiros fala o que bem entende e o repórter só pergunta o que o patrão mandou. Porque nenhum repórter com dois dedos de independência deixaria tantos buracos como os já apontados, por exemplo, por Leandro Fortes em seu blogue.
Mas o atento leitor pode retorquir. Qual nada, Rovai, não foi um repórter, foi o próprio editor responsável da publicação que entrevistou Joesley, o sempre atento Diego Escosteguy, aquele que não dormiu na noite anterior à condução coercitiva de Lula e que ficou postando tweets cifrados anunciando o que estava prestes a acontecer.
Pois, é, amigos. Isso não havia passado despercebido pelo blogueiro. E é mais uma demonstração clara do acordo. O editor-chefe de Época é conhecido pelo seu estilo nada jornalístico. E pela pena alinhada que lhe garantiu subir degraus não só improváveis como impossíveis para um jornalista com o não-talento que detém.
Mas mais impressionante é como a não-entrevista virou blocos no Jornal Nacional. Um massacre semelhante ao que Lula sofreu na véspera de sua delação premiada. Quando a Globo já havia sido avisada pelos vazadores do MP ou pelo juiz de Curitiba que haveria a operação de São Bernardo, para onde, inclusive, mandou seus helicópteros.
Mas por que tanta ódio contra Temer? Por que a Globo quer a cabeça do líder da festa junina do PMDB. Festa junina tem o quê, amigos? Tem bingo? Tem pamonha? Tem quentão? Tem quadrilha…
A Globo quer a cabeça de Temer, mesmo ele tentando fazer todas as reformas, porque o ilegítimo presidente pensou em segurar a Lava Jato. Mas para fazer isso, Temer poderia atrasar o processo contra Lula. E o ex-presidente teria condições de disputar a eleição presidencial de 2018.
Mas tem um outro mas. E se Lula disputasse e a Globo tivesse ficado no barquinho afundado de Temer, ela não teria condições de liderar um movimento por uma candidatura que fizesse frente ao ex-presidente.
E a Globo já está mais do que nunca à procura deste novo Collor. Ela, segundo uma fonte quente dos corredores do Jardim Botânico, estaria fazendo pesquisas qualitativas para encontrar o terno perfeito do candidato pra enfrentar Lula, caso ele consiga disputar em 2018.
Esse molde já estaria se desenhando. E seria alguém com um toque Macron, o novo presidente francês. Mas que teria mais chances de vitória se fosse do Nordeste e não do Sudeste ou Sul do país.
Um jovem líder, com rosto de homem de bem, moderno e conversador ao mesmo tempo, com discurso de pastor, família Doriana e com uma vida de sucesso e superação.
O terno é este. E para que a Globo possa empinar essa pipa ela precisa se lavar do Temer.
Ao mesmo tempo precisa tentar se livrar de Lula de qualquer jeito. Porque mesmo com esse bom moço que está a pescar por aí, ela corre risco de vê-lo derrotado pelo sapo barbudo.
Tudo que a Globo está fazendo com Temer, toda o acordo com Joesley, todo esse jornalismo de joint-venture tem um único nome por trás, Lula. É a ele que a vênus platinada quer derrotar.
E por isso não tem bobagem maior do que esse papo de que a entrevista de Joesley foi feita por encomenda para inocentar o ex-presidente. Joesley não tem como detonar Lula, porque não tem nada contra ele. E mesmo assim a Globo deu um jeito de transformar uma frase solta em uma de suas manchetes.
Não há acordo possível entre Lula e a Globo. A distância que os separa hoje é um Mar Vermelho sem um Moisés que possa abri-lo ao meio.
E por isso quem quiser entender o que vai acontecer em 2018 tem que buscar olhar pra essa guerra entre os dois partidos políticos que restaram no país, Lula e a Globo.
Só um deles vai vencer.