Relator no TSE pede cassação, mas só com base em delação

Foto: Agência Brasil

Relator do processo da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Herman Benjamin, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), pediu a cassação da coligação. Foi este o fato mais relevante do terceiro dia de mais um julgamento transmitido ao vivo, com a transparência que transforma magistrados em estrelas da tevê.

O embate da vez se dá entre Benjamin e ele mesmo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que, no caso, preside o TSE. Está certo que se Dilma estivesse ainda no lugar de Michel Temer, Mendes usaria todos os argumentos com os quais defende agora o presidente para pedir a cassação.

Gilmar Mendes era o mais feroz defensor de que a Lava Jato entrasse com tudo no julgamento do TSE para auxiliar na cassação da chapa. Agora, já não quer mais nada disso. Defende abertamente a manutenção de Temer na Presidência e, levando-se em consideração este julgamento específico no TSE, nem está tão errado assim.

Se Temer for condenado neste julgamento do TSE será com base, apenas, em delações, sem provas. Condenar Temer dessa maneira agora é abrir caminho para, da mesma forma, sem provas, baseado em delações em alguns casos ridículas, condenar aquele que importa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes de Benjamin pronunciar seu voto, o plenário do TSE decidiu pela exclusão de provas referentes a depoimentos de delatores da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura do processo. Uma mostra, talvez, de que o critério técnico deve prevalecer e, com isso, Dilma e Temer não serão condenados.

Deverá ser outro o caminho para derrubar o atual presidente, sem a menor condição nem política, nem econômica nem moral de ficar no cargo. Nada que dispense, porém, mais esse capítulo do “espetáculo” que são hoje as sessões das mais altas cortes do nosso Judiciário.

A sessão foi encerrada na noite de ontem e será retomada nesta sexta-feira, a partir das 9h, quando pode ser encerrada com o veredito.

E se a expectativa é de que o julgamento no TSE termine inocentando a chapa Dilma-Temer, vale lembrar a máxima já levantada aqui neste Cafezinho pelo Miguel do Rosário, de que se o impeachment foi o assassinato da democracia, a cassação eleitoral da chapa, se ocorresse, seria a ocultação do cadáver.

Abaixo, o vídeo de uma parte da sessão de hoje no TSE.

Luis Edmundo: Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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