Imagem: Tijolaço
Michel Temer primeiro disse que viajou num avião da FAB e foi desmentido como criança pega em travessura, pela impossível falta de registro de tal voo. Depois admitiu que a aeronave era particular, sim, mas cujo dono ele não sabia quem era. Então veio a história das flores para Marcela e a informação, para aplacar o ciúme do presidente, de que o presente era da mãe de Joesley Batista, da JBS.
Temer telefonou para agradecer à matriarca e foi pego na mentira pela segunda vez num mesmo episódio, que de tão escrachado, com justificativas tão primárias, como ressalta Jânio de Freitas na Folha de São Paulo, ganha ares de estopim.
“Na desordem moral instalada no Brasil, não bastam as grandes patifarias que seguem a história. O governo desce até às miudezas das tapeações infantis ou obtusas, protegido pelos interesses de retrocessos legais e sociais”, diz Jânio, na coluna em que, no título, afirma que “Temer precisa responder mais perguntas além das 82 já feitas pela PF”.
Luis Nassif, por sua vez, no seu “Xadrez da incógnita militar e do pós-Temer, questiona como ficarão as vozes dos quartéis nesse “quadro de ampla desordem institucional, um tiroteio sem fim entre o Executivo, Congresso, Ministério Público, Supremo, Tribunal Superior Eleitoral, acirrado pela reforma trabalhista e da Previdência”.
As tolas mentiras de Temer sobre a viagem dele e Marcela ao luxuoso resort Transamérica, em Comandatuba, na Bahia. no avião Learjet 45, de prefixo PR-JBS, de Joesley Batista, abalaram até as resistências governistas no PSDB
Matéria do Globo, de Maria Lima e Cristiane Jungblut, revela que “o escândalo pode ser o ingrediente que faltava para o rompimento dos tucanos com o governo”. O episódio, segundo a reportagem, “pode acabar com a resistência de senadores e ministros à pressão de deputados para o rompimento já”.
Mesmo com a expectativa de vitória da chapa Dilma-Temer no julgamento do TSE, os tucanos não veem mais futuro no governo do atual presidente, como mostra a declaração do presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, ao Globo.
“A percepção é que o TSE vá absolver os dois, Dilma e Temer. Mas aí como será o cotidiano do governo? Não governa, hoje Temer está preocupado em dar explicações sobre o avião, amanhã será outra coisa. Está acuado, é uma situação terrível”.