Foto: Divulgação/Assessoria de Michel Temer
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi o primeiro a mostrar as garras, na véspera da prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ocorrida na manhã deste sábado. Ao Globo, o ministro disse esperar que Rocha Loures mantivesse um certo “padrão ético” e não fizesse delação premiada. Na mesma matéria, Padilha lembra que o presidente Michel Temer “conhecia a família dele”, Rocha Loures.
Algum tom de ameaça na lembrança, ao melhor estilo de Don Corleone e cia? Vá saber. O que se sabe é que, como mostra a matéria da Folha de São Paulo, de Marina Dias, a estratégia principal da defesa de Temer passou a ser um ataque frontal ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
“Gestado há alguns dias nos bastidores e tornado público após a prisão de Loures, o discurso”, como diz a matéria da Folha, é o de que Janot “atua com intenções políticas e tenta ‘constranger’ a Justiça Eleitoral a condenar o presidente no julgamento da chapa Dilma-Temer, que será retomado nesta terça-feira (6)”, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O advogado Gustavo Guedes, responsável pela defesa de Temer no TSE, diz à Folha que espera “movimentos e iniciativas de Janot às vésperas do julgamento do TSE na tentativa de constranger o tribunal a condenar o presidente”. Como um desses “movimentos e iniciativas”, Guedes citou a informação já recebida pelo Planalto de que a Procuradoria-Geral da República tem outras gravações contra o presidente.
Ainda segundo a Folha, “a estratégia foi sacramentada horas depois da detenção de Loures, em uma reunião entre Temer e seus auxiliares no Palácio do Jaburu, na noite de sábado”.
Para os aliados de Temer, a vitória no TSE já não é mais “certa” depois da prisão de Rocha Loures. Um deles, Rodrigo Maia, presidente da Câmara e primeiro na linha sucessória se não houver eleição, começa a se desgarrar, como comentou Fernando Brito, no Tijolaço, citando nota publicada por Lauro Jardim, no Globo.
E também na Folha, na coluna Painel, a nota “nervos expostos” diz que “a decisão de aliados de Michel Temer de protocolar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara um pedido de explicações do ministro Edson Fachin sobre sua relação com Ricardo Saud, lobista e delator da JBS, foi recebida no Supremo como sinal de guerra aberta”.
“Integrantes da corte veem a iniciativa como uma tentativa de intimidação”, continua a nota, que termina contando que “há quem aconselhe o STF a sinalizar que a ofensiva dos deputados da base do presidente pode ser vista como ‘coação’ — um crime, portanto”.
Temer está acuado, tem a ameaça de mais gravações, com delações, sobre sua cabeça, vai perdendo aliados e, como única saída, arreganha os dentes para atacar quem o encurrala.