Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Estão lá os protestos de 2013, insuflados pela pós-verdade da internet. Há também relatos dos mais reveladores sobre erros estratégicos dos líderes do PT, de Lula inclusive, que redundaram no impeachment de Dilma Rousseff. Da mídia, do Judiciário e de muito mais trata o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) na revista Piauí, num texto essencial para compreender como e a que ponto chegou o país.
“Um encontro com o patrimonialismo brasileiro” é o subtítulo do texto de Haddad, que recorre a Raymundo Faoro e seu livro “Os Donos do Poder” para descrever o sistema no qual, como afirma o jurista e sociólogo, “a camada dirigente atua em nome próprio, servida dos instrumentos políticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal”.
Haddad relembra seus anos de universidade, “marcados pelo convívio com a nata da intelectualidade uspiana”, antes de dizer que ter sua “produção acadêmica avaliada por comentaristas como Marco Antonio Villa e Reinaldo Azevedo foi um dos ossos mais duros” de seu ofício de prefeito.
O prefeito inclui a Jovem Pan, então de Villa e Azevedo, no que chama de “segunda divisão dos meios de comunicação”, na qual, segundo ele, também está o Estadão. Mas não deixa de falar de Folha, Globo e Abril, com exemplos claros, reveladores, do mal que pode provocar um jornalismo enviesado, que atua como partido político.
A politização do Judiciário é outro de seus temas. “As instituições que deveriam apenas ‘garantir o jogo’ democrático têm apetite por ‘jogar o jogo’, o que o torna menos democrático”, diz o ex-prefeito.
Muito mais que uma escola sem partido, Haddad pede um “Judiciário sem partido” no texto em que mostra como cresceu a pauta da intolerância, sobretudo na classe média sem dinheiro para empregada, nem babá nem motorista com a ascensão das classes sociais mais baixas nos governos Lula e Dilma. E conclui com o que diz o título acima. Entre o atraso da República Velha e o futuro deste século 21, a hora de escolher é agora.
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