Imagem: BuzzFedd News
Pode ter sido só coincidência, mas não deixou de ser ilustrativo. No mesmo dia da publicação de mais uma entrevista de Michel Temer a uma revista amiga, o BuzzFedd News revela o tipo de negociação que acontece entre a cúpula política do golpe e a alta diretoria de um grande grupo de comunicação visando sempre o mesmo objetivo: mais dinheiro público.
A Istoé, que no meio jornalístico recebeu o apelido de Quantoé, viu crescer em 1.384% as verbas de publicidade federal recebidas desde que Temer assumiu a Presidência. Em suas páginas, hoje nas bancas, o presidente acusado (com provas) de corrupção, rejeitado por mais de 90% da população, aparece forte, destemido, sem se arrepender de nada que tenha feito.
A entrevista à Istoé certamente faz parte da mesma estratégia da comunicação do Planalto que redundou em diversas outras entrevistas, entre elas uma no SBT, com Ratinho. Estratégia essa que recebeu o comentário elogioso de Douglas Tavolaro, sobrinho do bispo Edir Macedo e vice-presidente de jornalismo da Rede Record, durante conversa com Aécio Neves, gravada e exposta na matéria do BuzzFedd News.
Os dois tratavam de uma possível entrevista de Temer na Record, nos mesmos moldes das outras, com um presidente vibrante, trabalhador, ávido por provar a própria idoneidade, tudo condicionado a um patrocínio da Caixa Econômica Federal.
Sem a verba não haveria entrevista, dá a entender, em dado momento da conversa, o vice da Record. E não houve mesmo.
Temer fez jorrar dinheiro público nos cofres das empresas de comunicação que, diga-se de passagem, não deixaram de ser abastecidas nos governos Dilma e Lula. Mesmo assim, as empresas querem mais, tudo porque sem patrocínio estatal, a grande imprensa como a conhecemos desde sempre não sobrevive.
E sem bajulação nem comedimento nas entrevistas, não há publicidade, e assim caminham jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão dos grandes conglomerados de mídia em sua missão cada vez mais risível, de informar a população.