Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
“No longo prazo, muitos ainda esperam que a Lava Jato faça do Brasil uma nação mais justa, mais eficiente, administrado com transparência, por políticos que cumprem a Lei. Mas há também o risco de que a operação leve ao chão a frágil democracia do país e abra caminho para uma teocracia evangélica de direita ou o retorno de ditadores ao poder. Se a operação vai ou não ser considerada uma cura para o Brasil, vai depender não só de quem caia, mas de quem virá a seguir”.
Em tradução livre, este é o último parágrafo da enorme matéria sobre a operação Lava Jato que o britânico The Guardian publica hoje na seção “The long read” (longa leitura) do jornal.
Assinado por Jonathan Watts, o texto peca por dar grande espaço a ao agente da Polícia Federal Newton Ishii, ele mesmo, o “Japonês da Federal”, tratado como herói “circunspecto e austero” sem que tenha sido citada a prisão do próprio agente em junho do ano passado, por facilitar contrabando.
A matéria do Guardian também não mostra claramente a diferença de tratamento entre os réus do PT e os dos outros tempos, caindo na comodidade de tratar os presos, todos, como “ricos”. Mas de resto destrincha bem a Lava Jato desde seus primórdios, e também os métodos do juiz Sérgio Moro.
O magistrado de primeira instância é descrito como “um jovem e ambicioso juiz que ajuda os procuradores pressionando os suspeitos ao aprovar seguidas prisões preventivas”.
A reportagem lembra que na maioria dos casos os presos no Brasil têm o direito de aguardar seus julgamentos em liberdade, e ressalta que, no caso de Moro, a “pressão está sobre eles: faça um acordo ou permaneça na cadeia”.
Mais um motivo para o jornal britânico questionar, logo no título de sua grande matéria de hoje, se a operação Lava Jato é, de fato, o mair escândalo de corrupção da história.