Kennedy Alencar: Diretas Já em Copacabana teve peso, e pode crescer

Foto: União da Juventude Socialista (UJS)

Do Blog do Kennedy.

KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA

Foi significativo o ato de ontem no Rio de Janeiro a favor de eleição direta para presidente. Articulação tem potencial para crescer. Movimentos sociais, artistas e políticos de esquerda fizeram a manifestação, que reuniu 100 mil pessoas, segundo os organizadores. A PM (Polícia Militar) não fez estimativa.

O mote é muito simples e eficaz: votar para presidente caso o atual, Michel Temer, deixe o poder. O ato também criticou as reformas da Previdência e trabalhista.

A manifestação de ontem mostra que não será fácil adotar eleição indireta, porque parte da sociedade resistirá e defenderá modificação constitucional para permitir pleito direto. No Congresso, já há divergência entre Câmara e Senado.

Senadores não querem participar do eventual colégio eleitoral com o mesmo peso que um deputado. Já falam numa votação bicameral, com o Senado tendo de referendar eventual escolha da Câmara. É uma saída que daria margem a briga num Congresso desgastado e onde muitos são investigados por corrupção.

Não há candidato de consenso para eleição indireta. O presidente Michel Temer dá sinais de que lutará bastante, seja no âmbito do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal), seja na esfera política, buscando manter o apoio da base e enfrentando o movimento de desembarque do PSDB.

Nesse contexto, seria um erro subestimar o potencial de um movimento por eleição direta. O ato de ontem no Rio teve peso. Já há setores do Congresso defendendo que seja aprovada uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) no âmbito de uma reforma política na qual seja eleito um presidente para cumprir um mandato de cinco anos e não apenas para governar até o fim de 2018, caso Temer deixe o poder.

Na comissão de reforma política, há proposta para acabar com a reeleição e recriar o mandato presidencial de cinco anos. Alguns deputados veem uma oportunidade para isso diante da gravidade da atual crise.

 

Luis Edmundo: Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.
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