Foto: Lula Marques/AGPT
Por Tadeu Porto
Eu era apenas um adolescente de 17 anos quando Brizola faleceu.
Naquele tempo, graças a Lula, já tinha título de eleitor e estava a um passo de amar a política, mas não tinha noção da grandeza que Leonel Brizola representava (e representa) para a política brasileira.
Claro, a dinâmica e a quantidade de informações que o século XXI nos proporciona me ajudou a ter mais contato com a história e, nesse sentido, acabei conhecendo melhor o gaúcho a ponto de admirá-lo e, volta e meia, procurar palavras dele no Youtube para assistir e aprender mais de a política, o Brasil e o combate a desigualdade (como é o caso do Roda Viva com ele na campanha de 94).
Além disso, tenho um ex-assessor do Brizola como ídolo – ídolo e exemplo, me inspiro nele para escrever – o jornalista e blogueiro Fernando Brito, do Tijolaço, que, justiça seja feita, escreveu um dos textos mais importantes da história do Brasil (sem eufemismo), o direito de resposta que Brizola ganhou no Jornal Nacional, no dia 15 de Março de 1994, lido por Cid Moreira.
Foi Através de Brito, também, que conheci uma frase de Brizola que, nesses tempos de golpe, não vai cansar de aparecer nas análises diárias de conjuntura:
“A política ama a traição e abomina o traidor”.
Não tem oração que possa descrever melhor o que se passa com o ex-governador mineiro, Aécio Neves, que, nas condições atuais, se encontra mais abandonado que chocolate Caribe na caixa de bombons sortidos da Garoto.
Quando leio informações de que Aécio inutiliza seus dias oscilando entre a ingestão de álcool e o derrame de lágrimas, não consigo deixar de visualizar o quão solitário está o senador mineiro, nesse cenário que devasta ,a vida e a história de sua família.
Jogado as traças por apoiadores que se dizem decepcionados, amigos que deletam fotospor vergonha e pela irmã Andréa que o quer na cadeia, Aécio é a melhor materialização da frase brizolista, se tornando o símbolo máximo de abominação que a história recente desse país proporcionou a um enganador.
Nem mesmo Cunha foi tão abandonado, diga-se de passagem. Afinal, existem figuras como o deputado Carlos Marun – presidente da comissão da Reforma da Previdência – que continuam defendendo o ex-deputado mesmo depois de sua prisão.
A traição de Aécio foi clara: enganou boa parte do seu eleitorado e o arrastou para um Golpe que afundou o Brasil. Desacreditou o pleito, usou e abusou da mídia para incendiar o país com um falso discurso de combate à corrupção e nomeou seus aliados mais fortes para derrubar Dilma e depois compor o governo ilegítimo de Michel Temer.
Como um bom farsante, daqui a um tempo não muito longínquo, Aécio, engolido pela trama que criou, entrará para a história representando uma das figuras políticas mais folclóricas que o país já viu: o abominável traidor dos neves.
Brizola não poderia ter mais razão.