O Cafezinho tem a honra de publicar, com exclusividade, um artigo do vereador Leonel Brizola (PSOL-RJ). O vereador entrou em contato com o blog para divulgar um novo livro e um novo espaço na interno para divulgar a memória de seu avô: Tijolaços.
O espaço é este: https://www.galpaoleonelbrizola.com.br/
Aproveitemos e fizemos uma entrevista com o vereador, por email, que ele preferiu responder com um artigo, que segue abaixo.
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O que Brizola faria hoje?
Por Leonel Brizola (neto), exclusivo para o Cafezinho
O que Leonel Brizola, se estivesse vivo, faria nesta deplorável situação do país é difícil conjecturar. Nunca ouvi, de sua parte, pronunciado o nome deste político medíocre e nefasto chamado Michel Temer. O que devemos relevar é a análise que fez de sua época e o quanto essa arguta análise ilumina o presente, como o leitor poderá observar nas páginas dos Tijolaços.
Eu me lembro de sua lúcida abordagem do personagem-chave dos últimos governos (Lula e Temer), o tecnocrata e entreguista Henrique Meirelles, nascido em Goiás, que depois de ser treinado no Banco de Boston, banco que deu dinheiro para derrubar João Goulart, veio com a sinistra incumbência de internacionalizar a Petrobrás e fazer a autonomia do Banco Central, convertendo este banco em uma espécie de Estado, um Estado dentro do Estado, com objetivo de facilitar a entrega de nossas riquezas. Noel Rosa diria que este vendedor é um leiloeiro.
Esse processo entreguista, no qual está incluída a corrupção, traz o arrocho salarial e a criminalização do trabalhador. O objetivo da ditadura com Roberto Campos sempre foi conseguir a autonomia do Banco Central. É preciso assinalar, seguindo a lição de Leonel Brizola sobre as perdas internacionais da nossa economia, que na investigação da nossa corrupção nunca aparecem as duas instituições fundamentais: o banco e meios de comunicação.
Leonel Brizola mostrou insistentemente que havia uma conexão intrínseca entre o banco e a televisão, e isso pode ser constatado com o Henrique Meirelles, que é hoje o queridinho candidato da televisão.
É impressionante a visão histórica de Leonel Brizola ao sublinhar o fator internacional da economia na determinação dos rumos da política. É isso que explica que o executor da regressão trabalhista, Henrique Meirelles, estivesse durante oito anos no governo Lula. Em seguida foi preparar um churrasco nas dependências da Friboi, ganhando um salário-propina, colocando um boizão no bolso.
Não foi surpresa que Meirelles, reaparecesse com todo poder no governo Temer, o que selou a aliança entre o PMDB e o PT. Convém não esquecer que Leonel Brizola rompeu com o primeiro governo Lula, quando este convidou, indicado sabe-se lá por qual figurão do imperialismo, Henrique Meirelles para dirigir o Banco Central. Aí começou o descalabro do PT.
“Cuidado Lula”, meu avô advertiu. “Você acha que esse pessoal gosta de você? Olha Lula, depois vai ser muito difícil contar com a nossa ajuda.”
Leonel Brizola não viu a subida de Dilma ao poder, mas lendo os Tijolaços percebemos que o motor do impeachment dela não foi a corrupção, e sim o processo de rapinagem externa do país. Tanto isso é verdade que a corrupção continuou com o governo Temer, assim como aumentou a superexploração do povo brasileiro. Não nos esqueçamos que o golpe de 64 foi dado com a desculpa de combater a corrupção.
O cérebro de Leonel Brizola não mais está vivo, porém seus artigos de nome Tijolaços apontam para a necessidade dos partidos de esquerda combaterem sem trégua o capital financeiro internacional. Todos os partidos de esquerda estão compelidos a brizolar.
Brizola é a bússola para entender a desindustrialização do país e o caráter parasitário da burguesia. A esquerda, aquela que não vende-pátria, deve ler os Tijolaços para lutar contra o rentismo financeiro que está na televisão, nos sindicatos, no judiciário, em todos os lugares.
O pensamento de Leonel Brizola mostrou que quem esconde a operação perniciosa do capital financeiro monopolista é de direita e contra o povo brasileiro. O nacionalismo anti-imperialista é a principal herança de seu pensamento. É com isso na cabeça que devemos analisar as sentenças do juiz Moro, a guerra de Temer-Meirelles contra o trabalhador, o genocídio do povo nas favelas e no campo e a ameaça plutocrática do fascismo.
Os Tijolaços são contra os inimigos do povo, porque esses inimigos continuam os mesmos, com as mesmas máscaras. Já foi o Collor trapaceiro, como hoje é o Dória, o boneco gestor que odeia a política.
Vereador Leonel Brizola (PSOL)