(Os ministros Henrique Meirelles e Romero Jucá anunciam nova meta fiscal para 2016. FERNANDO BIZERRA JR EFE)
Por Denise Assis, colunista do Cafezinho
Se há forças corporativas e conservadoras a considerar que “ruim com ele, pior sem ele”, é outra história. Sabemos bem como funciona a nossa política de quinta categoria, sem respeito pela opinião pública, e servindo apenas a interesses que não os da sociedade. Certo é que, a despeito do laudo do perito Ricardo Molina, que deveria estar sob suspeição, pois foi contratado pela defesa (ora, quem vai pagar por um perito que o condenaria?) há fatos de sobra a pesar sobre a conduta imprópria de Michel.
O que o perito aponta como problemas na gravação, os ruídos, são nitidamente (e cá de longe se pode observar), o som de um gravador roçando no forro de seda da roupa de quem o transportava. Ou Molina queria que Joesley Batista esticasse o gravador, como um repórter durante entrevista? O que importa, no momento, já foi dito e repisado. A valer a gravação, sua conduta foi imprópria e cúmplice.
Antes de entrar no mérito das atitudes de Michel, é importante questionar que segurança é esta, que protege o palácio do Planalto à noite e deixa entrar na residência do que está presidente, qualquer gato pardo, só porque está tarde? Pulando esta parte, que não tem a ver diretamente com ele, o fato da visita deste quilate chegar ao adiantado da hora, já é bastante comprometedor.
Ademais, há todo um roteiro anterior já envolvendo o nome de Michel em negociatas, tanto com a Friboi, quanto com a Oderbrecht. Ora, se sobre Dilma pesou um processo de impeachment por “pedaladas fiscais”, não comprovadas, por que motivo Michel, que já perdeu o direito de se candidatar a qualquer cargo público por oito anos, pode sair por aí a desqualificar provas contundentes contra si, e tal como criticou os seus delatores, continuar livre, leve e solto?
Não. Não vale trocar a sua impunidade por um “pulinho” na economia, que nem sabemos se será sustentável, e cuja aferição é controversa. Ele precisa estar ciente de algo que ainda não se deu conta. Adaptando a fala do presidente americano, a repreender um funcionário, “não é a economia, estúpido”. É a falta de ética, para dizer o mínimo.
Michel foi e será descrito como um dos maiores erros da nossa história recente. Espero que os historiadores não o poupem e, no máximo, gastem com ele apenas uma página, onde registrarão: Michel, o que traiu, usurpou o cargo aonde chegou enxovalhado, montou o pior ministério de que se tem notícia, ameaçou trabalhadores, e caiu.