Fantasma do Jaburu — Temer vaga pelos corredores do palácio. Aliados fogem do jantar

Por Bajonas Teixeira

Ontem para o almoço, Temer fez uma feijoada no palácio do Alvorada. Compareceram algumas lideranças partidárias. Hoje para o jantar, ele programou outra. Nenhum líder partidário, contudo, se animou a dar as caras.  O jantar foi cancelado. Essa sabotagem é um fato muito importante, porque assinala o isolamento do presidente. Seu principal interesse no jantar era articular a votação de medidas econômicas na quarta-feira, mostrando aos seus grandes parceiros, os empresários poderosos, que tem força e condições para continuar governando. Por que os aliados fugiram? Porque os pratos servidos por Temer usam um ingrediente que, nesse instante, pode causar indigestão: as notas verdes, que compram votos.

Hoje, ninguém duvida que os jantares e almoços de Temer são ocasiões em que se acerta a compra de votos para votar as emendas, leis e alterações da Constituição que interessam ao governo e aos interesses que ele representa. Não há dúvida, que foi assim que ele comprou o apoio à reforma da previdência e à reforma trabalhista. Não há a menor chance de ter sido diferente com a terceirização irrestrita. Muito bem. Então o que seria a ceia de Temer hoje?

Seria o momento de discutir o preço das pencas de deputados que apertariam o botão do “sim” na votação em seu favor na quarta-feira. Acontece que Temer se tornou um risco ambulante, um ativo tóxico de alta periculosidade. Um césio-137 vivo ou, na sua condição de vampiro presidencial, morto-vivo.

Temer quer mostrar poder para atrair o apoio das grandes entidades de empresários. Convencê-los de que ainda pode continuar governando em favor deles, como vinha fazendo até aqui. Diz uma matéria da Folha de hoje:

“A equipe do peemedebista discute fazer ofensiva sobre a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), CNI (Confederação Nacional da Indústria), Concepab (Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil), entre outras”

Esse “entre outras” no final inclui a FIESP, de seu amigo Paulo Skaf, maior apoiadora do impeachment de Dilma entre os empresários, e a FEBRABAN, que é a federação dos bancos. Junto com a CNA (Agricultura), e CNI (Indústria), formam a coligação para a qual realmente Temer trabalha: os grandes interesses do latifúndio, do capital financeiro e da indústria que querem liquidar todo o legado de Lula, da democracia, e, através das reformas, aplicar um castigo inesquecível do qual o Brasil nunca mais se ergueria.

Sem conseguir mostrar seus préstimos, tendo suas iniciativas sabotadas, como a comilança que serviria de aperitivo para a votação da quarta,Temer vai perdendo as rédeas do poder. Talvez sua vida útil não ultrapasse a próxima semana.

 

 

 

 

 

 

quer dizer, Uma repórter da Globo disse que seria um “repeteco”, termo interessante, que lembra a feijoada requentada. Acontece que ninguém apareceu para degustar a iguaria.

Bajonas Teixeira:
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