Por Bajonas Teixeira
Temer tenta se defender dos seus crimes e angariar apoio. Ele já esteve em alta. Na crista da onda. Mas lá também estiveram Eduardo Cunha, festejado como gênio, e hoje trancafiado numa masmorra em Curitiba. No alto também esteve o simpático e risonho Aécio Neves, vulgo Mineirinho, hoje de paradeiro incerto e domicílio ignorado. Parece que o próximo a cair da prancha, devido às manobras radicais do golpe, será o próprio cabeça político, Michel Temer. Sem ter conseguido por o Brasil nos trilhos, seu risco mais imediato é ser posto atrás das grades. Tudo indica que será assim.
Temer diz que a prova que o incrimina, apresentada pelo o dono da JBS, o megaempresário Joesley Batista, é uma gravação clandestina. Ele esquece que uma gravação clandestina está muito de acordo com o encontro que ele teve com o empresário, que foi um encontro clandestino. Ele diz em seguida que a gravação “foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos”. Mas como seria diferente se o encontro, além de clandestino, aconteceu no subterrâneo do palácio do Jaburu? Temer teve um encontro clandestino num subterrâneo, e isso é que ele devia explicar. E não o fez.
O que Temer, num pronunciamento minimamente descente, deveria explicar é como um indivíduo, totalmente estranho ao palácio, penetra em suas dependências furtivamente, sem identificação, altas horas da noite, e isso não deixa rastros nos registros públicos. Isso não é encontro de uma autoridade pública, mas de um chefe de quadrilha.
A gravação incluída no inquérito, segundo ele sem a devida e adequada averiguação, “levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil”. Quem lê isso, imediatamente pensa que quem levou o país a uma grave crise foi o próprio Temer, afinal foi ele, só poderia ter sido ele, quem marcou um encontro na penumbra na própria residência oficial da presidência e, pior, com um empresário investigado.
E torno de quê girou a conversa? Em torno de subornos, de pagamentos ilícitos, de chantagens, compra de autoridades, pagamentos a procuradores, influência sobre juízes, estratégias para neutralizar investigações. Um cardápio de delinquências que cobre boa parte dos versículos do código penal.
O tempo perdido em pronunciamentos, nos leva a crer que Temer ainda acredita contar com algum apoio fora da sua penca de comparsas políticos.
O que ele está esquecendo, na defesa que acabou de fazer através do seu pronunciamento, é que nos tempos de crise o tempo flui muito rápido. Os ventos já são outros. Daquelas pessoas que o apoiaram inicialmente, a classe média quase inteira, nem 5% mais tem qualquer apreço por ele. Ao contrário, Michel Temer é hoje o homem mais odiado do Brasil. A classe média está absolutamente consciente, nesse instante, que Temer é o seu inimigo mais letal. Um serviçal dos grandes empresários, ou melhor, um mega meliante, cujo interesse é o de destruir algumas das instituições mais sagradas para a classe média: a aposentadoria, a previdência social, a jornada de oito horas.
Para todas essas pessoas, muitos milhões de brasileiros, a prioridade agora não é colocar o Brasil os trilhos, mas colocar Temer atrás das grades.
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