Aécio explica a propina R$ 2 milhões: era “negócio privado”

Meia noite do dia 18 de maio de 2017, e a Folha prontamente corre para tentar salvar Aécio Neves.

A explicação do senador (ver ao final do post) complica-o ainda mais, porque não explica nada.

Ele diz que pediu R$ 2 milhões para um “negócio privado”, sem dizer que negócio é esse.

No meio de uma investigação turbulenta, onde ele mesmo é um dos mais delatados, Aécio Neves pega R$ 2 milhões escondidos de um empresário, em dinheiro vivo, que são entregues a um primo dele?

Seria aquele primo envolvido com venda de sentença para traficante?.

Há uma gravação, na qual Aécio menciona a possibilidade de um homicídio… Aécio não explicou isso e, pelo jeito, também não lhe foi perguntado pela Folha…

Antes de reproduzir a explicação de Aécio, vale lembrar o teor da gravação, conforme compilado pelo colega Fernando Brito, do Tijolaço, que por sua vez recolheu o material em reportagem da Globo:

(…) Meia hora de gravação, feita no dia 24 de março, no Hotel Unique, em São Paulo, são o epitáfio de Aécio Neves na cena politica brasileira.

O Globo narra os detalhes:

“Joesley pergunta como poderia fazer a entrega das malas com os valores. “Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, propôs o empresário”

Aécio foge do flagrante pessoal, mas a gravação o entrega, inclusive com uma ameaça de assassinato:

O senador respondeu: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho”

Frederico Pacheco de Medeiros, ex-diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014 foi filmado em uma das quatro entregas de R$ 500 mil.

O dinheiro foi entregue a Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) que o transportou para Belo Horizonte. Daí, para a conta da Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella.

Cumpre-se a profecia de Aécio Neves, feita na gravação: “tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação”.

Vai ter que contar uma história melhor, Aécio. Muito melhor!

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Aécio Neves deve assumir que pediu dinheiro a empresário

18/05/2017 00h18

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve assumir que pediu dinheiro ao empresário Joesley Batista, da JBS.

Ele deve afirmar que solicitou os recursos para pagar dívidas e que se trata de um negócio privado, sem contrapartidas nem tentativa de obstrução da Justiça.

O senador tucano foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley e que a quantia foi entregue a um primo do tucano, em ação filmada pela PF, segundo informação publicada na noite dessa quarta (17) pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, e confirmada pela Folha.

Segundo os executivos da JBS, a quantia foi entregue a um primo do tucano, em ação filmada pela PF.

A gravação que supostamente compromete o senador Aécio Neves tem 30 minutos e foi entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR). Deve integrar acordo de delação premiada, que aguarda homologação do ministro do Supremo Edson Fachin.

Aécio divulgou nota nesta quarta-feira (17) dizendo estar “absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos”. Sobre a relação com Joesley Batista, o senador afirma ser “estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público”.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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