(Miriam Leitão, Sergio Moro e Vladimir Netto. Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo)
Quero comentar, rapidamente, duas reportagens da Folha, que integram o que tem sido chamado “jornalismo de guerra”.
Uma delas é uma matéria sobre o famigerado e ridículo email, que Monica Mouro alega ter sido “o aviso” de Dilma de que ambos seriam presos.
Ao dizer que o Google “será peça chave”, a Folha tenta dar sobrevida a mentira de Moura, visto que o email não diz absolutamente nada. Não tem remetente, nem destinatário, nem assunto, nem conteúdo.
A outra é uma reportagem em que os procuradores da Lava Jato, sempre através da imprensa, tentam mostrar uma contradição de Lula.
A Lava Jato não tem vergonha de se mostrar como uma perseguição. Lula foi presidente por oito anos. Teve milhares e milhares de reuniões. Os procuradores mostram uma reunião entre ele, Dilma e Guilherme Estrela (que não é acusado de nada), da época da descoberta do pré-sal, e querem dizer que isso mostra “contradição” do que disse Lula?
Pior, os procuradores – para dar substância ao ataque midiático – misturaram tudo e divulgaram “agendas”, em que Lula esteve presente em inaugurações e viagens nas quais estavam presentes também os diretores, o que não tem nada a ver com a afirmação de Lula, de que o presidente não tinha reunião “específica” com nenhum diretor.
O texto da Folha é todo trabalhado na mentira. Confiram esse trecho:
Reparem: não há nenhuma menção à reunião específica com Paulo Roberto Costa. Há “agendas”. E aí temos a seguinte expressão: “incluindo sete agendas em que não há menção de outros participantes”. Ora, a Folha e a Lava Jato são diabólicos. A expressão dá a entender que “não havia outros participantes”, o que não é verdade. Quando o presidente vai num “jantar em Beijing”, trata-se de um evento com a participação de dezenas de autoridades chinesas, que, no entanto, não precisam ser mencionadas, por nome, na agenda do Planalto. Quanto ao “encontro” no Palácio do Planalto em 2006, a matéria novamente confunde, porque dá a entender que é continuidade da frase anterior, que fala que não foram mencionados outros participantes. Não é. Provavelmente era um encontro de várias pessoas para falar dos desdobramentos do pré-sal.
Entretanto, o que é mais irritante é que nada disso configura crime. O depoimento de Lula foi espontâneo. Ele falou com franqueza, de memória. É evidente que se poderá encontrar uma pequena contradição aqui ou lá, porque ele é humano. O que Lula tentou transmitir, aos inquisidores, é que ele não participava do dia a dia das decisões dos diretores da Petrobrás, pela simples razão de que era presidente da república e tinha mais o que fazer. Ele discutia questões estratégicas, se houve uma reunião com um diretor, ou na qual um diretor estava presente, era para discutir questões estratégicas.
Na falta de provas contra Lula, a Lava Jato e a mídia continuam apostando na baixa intriga, no joguinho sujo, na canalhice.