Lula foi presidente do Brasil por oito anos. Um judiciário ensandecido pela luta política pode pegar qualquer medida provisória assinada por ele e transformar num processo penal.
É isso que acontece na Zelotes, que passou por uma operação de mudança de sexo.
A Zelotes era uma operação que investigava a sonegação bilionária de grandes empresas brasileiras.
Por um tempo, acreditamos, ó ingênuos que somos, que ela poderia ser a ponta-de-lança de uma grande ofensiva do Estado contra os grandes sonegadores.
Não foi o que ocorreu. Ao invés disso, ela foi transformada, sempre com apoio da mídia – que já tinha feito editoriais e matérias irritadas com o fato da operação estar “desviando a atenção” da Lava Jato – em mais uma operação de caça ao… Lula.
É um caso extraordinário da aliança espúria entre mídia e judiciário. A imprensa muda a sua descrição de um dia para o outro, sempre apostando no poder demolidor do esquecimento.
O indiciamento por causa da tal medida provisória 471, por sua vez, é totalmente surreal, pois a MP foi relatada pela oposição e beneficiou, principalmente, estados tucanos.
Mas nada vem ao caso quando se trata de criar factoides políticos contra Lula.
A burocracia pró-golpe agora trata qualquer medida governamental que tenha beneficiado alguma empresa como um crime, como se coubesse ao governo prejudicar e quebrar empresas, e não ajudá-las a gerar empregos e ampliar seus investimentos no Brasil.
É a mesma lógica da Lava Jato. Uma lógica bizarra, na qual a função do Estado é puramente policial: tem de prender, sequestrar, destruir, arrasar. Claro que a estratégia é totalmente seletiva: vale apenas quando se estabelece uma narrativa que inclua o PT.
De quebra, o novo factoide lança holofotes sobre Erenice Guerra, permitindo um revival das campanhas midiáticas que promoveram o assassinato político da ex-secretária de Dilma Rousseff. É uma maneira de atingir também Dilma Rousseff.
A inclusão de seu nome revela que o Estado de Exceção decidiu incluir Dilma ao lado de Lula no centro do alvo da estratégia de Lawfare.
A nova estratégia do Estado de Exceção se dá porque seus operadores perceberam que Dilma também está crescendo. Recentemente, foi ovacionada numa Universidade federal do sul do país, e anda dando palestras no mundo inteiro para denunciar o golpe.
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No Poder 360
PF indicia Lula por corrupção em novo inquérito da Zelotes
Trata-se de investigação sobre compra de MP
15.maio.2017 (segunda-feira) – 22h15
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi indiciado pela Polícia Federal na operação Zelotes. A suspeita é de corrupção passiva a partir de investigação que trata da suposta compra de medidas provisórias. As informações são do portal G1.
Além de Lula, foram indiciados o ex-ministros petistas Gilberto Carvalho e Erenice Guerra. Também o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do grupo Caoa. E o ex-presidente ex-presidente da Mitsubishi, Paulo Ferraz.
Trata-se de investigação sobre a edição da MP 471, a “MP do Refis”. A medida estendeu a vigência de incentivo fiscal às montadoras e fabricantes de veículos instalados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O benefício acabaria em 31 de março de 2010. Foi prorrogado até 31 de dezembro de 2015.
LULA É RÉU NA ZELOTES
O ex-presidente já foi denunciado na operação Zelotes, em 9 de dezembro de 2016. É acusado de tráfico de influência na edição de uma medida provisória e na negociação de aviões de combate. Um filho dele teria recebido propina graças ao pai. Leia a íntegra da denúncia e a nota da defesa de Lula.