(Foto: térreo da sede do BNDES, no centro do Rio, agora há pouco. Crédito: um amigo do BNDES)
Recebo relatos de que o mesmo juiz que mandou “fechar” o Instituto Lula, com base num pedido do Ministério Público que nunca existiu, ordenou nesta manhã a condução coercitiva de 37 funcionários do BNDES.
A condução coercitiva, como vem sido aplicada por juízes coxinhas, é expressamente ilegal (até a OAB, apoiadora do golpe, a denuncia como ilegal), porque oposta ao que diz o Código do Processo Penal brasileiro.
Então a gente deve sempre chamá-la pelo nome correto: sequestro.
É uma violência apenas explicável numa ditadura, e visa unicamente produzir terrorismo político, visto que nenhum dos funcionários foi advertido antes, incluindo uma moça de gravidez avançada, que obviamente não poderia sofrer um stress desse tipo.
O corpo de funcionários do BNDES, a maioria dos quais pessoas de classe média, com pensamento comum de classe média, ou seja, conservadores, estão em estado de choque.
É por causa de ações como essa que a ditadura midiático-judicial imposta pelo golpe vem recebendo o repúdio cada vez maior da sociedade brasileira.
Depois os golpistas não entendem porque Lula cresce nas pesquisas e mais de 50 mil pessoas, a despeito de todas as acusações que se fazem ao ex-presidente, foram lhe prestar solidariedade em Curitiba.
A operação coordenada pelo juiz Ricardo Leite, da 10º Vara Federal do Distrito Federal, é mais um desses espetáculos bizarros, como foi a Carne Fraca, e que se tornaram comuns desde a Lava Jato.
Eles retrataram uma burocracia completamente enlouquecida ideologicamente, em especial aqueles que detêm poder jurídico: juízes, procuradores, delegados.
Todos querem ser Sergio Moro. Todos querem ficar famosos e ganhar rios de dinheiro dando palestras nos Estados Unidos.
A operação “Bullish” investiga supostas fraudes em financiamentos para a JBS.
É mais uma ação dos setores burocráticos – provavelmente sem disso ter muita consciência – da estratégia do “capitalismo do desastre”, que parece estar se tornando hegemônica na esfera jurídica-policial do Estado: é preciso destruir tudo.
Luis Roberto Barroso e sua tese de que o judiciário está “refundando o Brasil” é o príncipe desse Estado de Exceção nascido do processo de desestabilização que levou ao impeachment da presidenta Dilma.
Depois da devastação provocada no setor de construção pesada, e dos prejuízos impostos à Petrobrás, a Eletrobrás, ao projeto do submarino nuclear (que, ao que parece, também será destruído por uma sabotagem judicial, com ajuda de procuradores franceses), os novos mandarins estão determinados a ajudar o governo Temer em sua agenda de pôr fim ao BNDES.
O BNDES, é bom lembrar, durante o governo Lula e Dilma, deu lucro, ampliou de maneira formidável o volume de financiamento a projetos nacionais, além de multiplicar em várias vezes o número de beneficiados, abrindo o banco para micro, pequenas e médias empresas.
A primeira medida de Temer, por outro, foi, em plena crise, roubar R$ 100 bilhões do BNDES para fazer uma super-pedalada fiscal, além de paralisar completamente a liberação de novos financiamentos. Outra medida foi aumentar – brutalmente, diga-se de passagem – os juros do BNDES, o que naturalmente também resulta em queda dos investimentos e, portanto, em mais crise.
Com essa operação da PF, está claro que a paralisia do BNDES vai se agravar, e isso em plena recessão, quando o banco poderia ser usado para destravar crédito e ajudar o Brasil a sair da crise.
Onde os golpistas querem chegar? A crise fiscal cresce a cada dia, junto com o desemprego. O governo não acena com nenhuma medida de estímulo à economia e ao emprego.
A grande mídia apenas oferecer espetáculos judiciais, tratados como circo romanos, sem promover nenhum tipo de debate com economistas de variadas origens sobre saídas possíveis para a crise.
Grande mídia e governo golpista tem apenas uma obsessão: aprovar as reformas antissociais, que, por si só, não garantem um emprego, não representam nenhum estímulo de curto prazo à economia, não apenas porque demorarão ser implementadas, como porque acrescentam uma série de inseguranças jurídicas ao mercado brasileiro.
Os ministros do Supremo não trazem uma palavra de conforto a quantidade crescente de brasileiros, ilustres ou não, que vem denunciando a escalada da violência política, o aumento da repressão policial, a falta de diálogo, a ilegitimidade do governo. Ou seja, os ministros chancelam a invisibilidade de um setor social que, hoje, é maioria do eleitorado (vide a liderança de Lula nas pesquisas), promovida pela grande imprensa.