Fachin e João Santana: o golpe mantém o mesmo roteiro

(Foto: Reprodução/TV Brasil)

A cada dia que passa, a morte de Teori Zavaschi nos parece mais oportuna para os golpistas, pois o comportamento de seu “herdeiro”, Luiz Edson Fachin, revela-se cada vez mais afinado com a agenda criminosa do partido midiático-judicial que assumiu o poder político no país.

No dia seguinte à surra épica que Lula aplicou em seus algozes, não apenas através de seu depoimento, mas sobretudo pela capacidade incrível de mobilização de seus apoiadores, o partido judicial levanta o sigilo dos depoimentos de João Santana e sua esposa.

O casal Santana faz parte do rol de torturados pela nova Inquisição: eles só encontraram jeito de fugir às bastilhas perpétuas anuindo em participar do jogo sujo dos procuradores, ou seja, legitimando as teses pré-escritas da acusação, que podem ser todas resumidas em duas frases: delenda PT e longa vida ao golpe.

A defesa de Dilma está chocada. Após ter implorado, em vão, pelo acesso à íntegra das delações de João Santana e esposa, para que pudesse formular uma defesa no TSE com base em documentos de conhecimento apenas de seus acusadores, a justiça só os libera agora, passado o prazo estipulado pelo TSE para entrega da defesa.

Os vazamentos seletivos das delações do casal Santana, naturalmente, nunca pararam.

O ministro Fachin derruba, só agora, o sigilo das “delações” de João Santana e esposa. Como de praxe, os documentos são entregues, em primeiro lugar, à Globo, e só depois liberados publicamente para a defesa da presidenta Dilma.

Isso é bem coerente com o momento atual vivido pela justiça brasileira, convertida num puxadinho jurídico da família Marinho.

O roteiro é previsível. Qualquer vitória política do campo popular é abafada no dia seguinte por algum tipo de ação espetacular da Lava Jato. E não apenas da Lava Jato. O comportamento de Curitiba contaminou todo o sistema judiciário, transformando-o numa grande Lava Jato, vide o caso do juiz que mandou fechar o Instituto Lula com base num “pedido” do Ministério Público que era apenas uma fantasia criminosa que ele mesmo inventou.

Em 2016, quando a população ia às ruas para lutar contra o golpe, a Lava Jato desencadeava operações espetaculares exatamente no dia seguinte, de modo a abafar, na mídia, qualquer repercussão que as grandes manifestações contra o impeachment pudessem provocar na opinião pública.

A Lava Jato e ações similares transformaram-se num grotesco teatro, voltado a desviar a atenção dos problemas econômicos, cada dia mais terríveis, e das reformas antissociais que essa organização criminosa que a imprensa agora chama de governo quer aprovar a toque de caixa, sem debate público, sem exposição ao contraditório, sem discussão com a sociedade civil organizada, no congresso nacional.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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