Por Bajonas Teixeira,
A matéria da Veja vem com a foto que publicamos aqui. Uma imagem escolhida para infundir medo. Segundo a revista, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vê graves ameaças quando Lula, em tom de pura brincadeira, diz que “Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prende-los por mentiras”. Curiosamente, ela não viu ameaças na infâmia, na mentira, na calúnia, no cerceamento de direitos, na exposição indevida, na perseguição, nos vazamentos, nem na violação de direitos constitucionais de Lula, pelos quais os procuradores deveriam zelar. Não será que, num momento tão aflitivo, a revista Veja está jogando lenha na fogueira e apostando no caos?
Em inúmeros episódios recentes de violações, sempre contra Lula, os procuradores não sentiram o mínimo cheiro de ameaça, ou de pólvora no ar, pelo menos não entraram em polvorosa. Mas veem ameaças agora. Será o medo de Lula cortar cabeças ou, o que parece mais real, dele chegar à presidência e cortar super salários privilegiados?
Vejamos alguns fatos que o procuradores da república deixaram passar em branco sem sentirem-se minimamente ameaçados.
Não sentiram ameaça quando, em meados de março, Sérgio Moro divulgou ilegalmente áudios que, gravados de forma irregular, agrediam violentamente o direito à privacidade de Lula e Dilma.
Os procuradores não sentiram a mínima cólica de pânico, quando Lula foi arrastado pela cidade de São Paulo até o aeroporto de Congonhas para depor, conduzido sob vara, e barbaramente violentado na sua imagem e nos seus direitos.
Os procuradores não tiveram o mínimo tremor quando, semana após semana, mês após mês, nos últimos dois anos, foram vazados depoimentos confidenciais, documentos mantidos em segredo de justiça, delações ainda em fase de negociação, que, sem qualquer fundo de verdade, atingiam frontalmente a imagem pública de Lula.
Nenhuma ameaça também com os mais de 30 outdoors espalhados agora por Curitiba, em pontos estratégicos, pagos não se sabe por quem, que ofendem brutalmente a imagem de Lula, um cidadão brasileiro contra o qual não se provou nada e que não foi condenado por nada de que o acusam. Sendo inocente, é tratado como criminoso. Mas nisso, na bárbara subversão do estado de direito, nenhuma ameaça é vislumbrada pelos procuradores.
Não é estranho? A Revista Veja deveria se perguntar se matérias como essas, às vésperas de um episódio como o que ocorrerá depois de amanhã em Curitiba, não jogam lenha na fogueira e, atiçando os ânimos, não deixam o Brasil mais próximo de um conflito civil.