No Viomundo
Dallagnol admite que usa denúncia requentada contra Dirceu para constranger STF
02 de maio de 2017 às 14h26
Evidentemente, esta acusação já estava sendo amadurecida. É uma acusação que estava para ser oferecida e, em razão da análise de um habeas corpus, teve uma precipitação no objetivo de oferecer novos fatos ao STF. Deltan Dallagnol, procurador da Força Tarefa da Lava Jato, ao denunciar o ex-ministro José Dirceu pela terceira vez.
STF vê tentativa da força-tarefa de constranger corte
02 Maio 2017 | 12h21
A nova denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal em Curitiba contra o ex-ministro José Dirceu justamente no dia em que a Segunda Turma deve apreciar o habeas corpus que pode tirá-lo da prisão foi vista por ministros da corte como uma tentativa da força-tarefa de constranger o colegiado.
“Isso não muda nada. Mas irrita”, resumiu um magistrado.
Outro integrante da turma afirmou que a nova denúncia foi uma “jogada para a plateia” por parte dos procuradores, que buscariam reforçar a pressão popular contra o Supremo.
A tendência da Segunda Turma, conforme o blog antecipou nesta manhã, antes mesmo da nova denúncia, é conceder o HC a Dirceu, preso desde agosto de 2015.
A nova denúncia — que diz respeito a novos detalhes de acusações já conhecidas — foi uma decisão da força-tarefa para reforçar as razões pelas quais, no entender dos procuradores, Dirceu deveria continuar preso preventivamente.
PS do Viomundo: Notem que a Lava Jato tentou a manobra só contra José Dirceu. Na semana passada, por 3 a 2, a segunda turma do STF mandou soltar o ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu e o pecuarista José Carlos Bumlai. Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Celso de Mello formaram a maioria. Mendes já havia prometido anteriormente “rever” as extensas prisões preventivas da Lava Jato, muitas vezes utilizadas para extrair delações premiadas. É uma das frentes em que Gilmar atua para fazer valer o roteiro do senador do PMDB, Romero Jucá, que aliás teve visto de viagem negado pelo governo dos Estados Unidos por estar sob investigação na Lava Jato.
JUCÁ – Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.