Por Bajonas Teixeira
A CUT conseguiu derrubar a liminar que interditou o uso da avenida Paulista para a comemoração do Primeiro de Maio. Essa vitória certamente incomodou o prefeito João Doria, que esperava faturar apoio do empresariado e demais forças reacionárias paulistas. Para piorar, o fato aconteceu hoje, no mesmo dia em que, em atitude grotesca mas bem reveladora da sua personalidade, o prefeito se assustou com um presente que recebeu jogando-o pela janela do carro: flores, dadas por uma ciclista em homenagem aos mortos da sua política de trânsito.
Os dois episódios tem um forte laço em comum: as atitudes autoritárias e os efeitos violentos das políticas do falastrão midiático que ocupa a prefeitura de São Paulo. É evidente que seu plano “Marginal Segura”, que aumentou a velocidade nas marginais, só serviu ao recrudescimento da violência no trânsito, produzindo novas vítimas e criando uma atmosfera de terror para ciclistas e pedestres.
Já o caso da perseguição à CUT e aos trabalhadores, deve ser observado pela dobradinha do poder político e da Justiça. Tentar impedir a realização do Primeiro de Maio na Paulista não é só mesquinho, é perseguição descarada e assédio aos trabalhadores. De fato, mantida a decisão, os trabalhadores se veriam obrigados a decidir entre acatar uma decisão arbitrária ou enfrentar a violência da PM durante a comemoração. E quem acompanhou as notícias da Greve Geral, sabe a que nível anda a violência policial.
O fato é que diversos grupos políticos usaram a avenida nos últimos tempos para protestos, sem qualquer incômodo da prefeitura e do prefeito João Doria.
Será que já esquecemos que no dia 26 de março, há apenas um mês, o MBL e o VEM PRA RUA, sem qualquer impedimento, crítica ou alegação contrária do prefeito ocuparam a Paulista com seis trios elétricos gigantescos? Com critérios muito distintos dos usados para esses movimentos, o juiz que proibiu o Primeiro de Maio na Paulista estipulou multa de 10 milhões caso a medida não fosse obedecida. É o fantástico autoritarismo judicial que toma conta do país.
A CUT venceu a liminar inicial que proibia o uso da avenida mas não venceu o autoritarismo judicial. O juiz que liberou o uso, numa audiência de conciliação com a prefeitura, determinou que os shows terão que acontecer longe da Paulista, o que obrigará a uma caminhada até a Praça da República.
Tudo isso seria péssimo para a democracia, se estivéssemos em uma. Na conjuntura que vivemos, em que a ditadura de classe tenta tomar dos trabalhadores tudo que possa ser arrancado, é um fato positivo, que evita as ilusões fáceis. As ilusões costumam amolecer e não servem para a luta. O Primeiro de Maio deste ano, mais do que qualquer outros desde a Nova República, será comemorado como um evento de luta e, sobretudo, de celebração da unidade para as lutas que já começaram a ser travadas com a Greve Geral.
As violências e perseguições, podemos estar certos, só servirão para aguçar o espírito de luta e resistência da classe trabalhadora. Viva o Primeiro de Maior de 2017!!
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