Por Bajonas Teixeira
O primeiro indício do sucesso da greve, é que mesmo silenciando inteiramente na véspera qualquer notícia sobre a Greve Geral, a Globo foi obrigada ontem, 28, a encher suas páginas e portais com notícias da paralisação no país inteiro. A mesma coisa aconteceu com o UOL, e com a sua controladora, a Folha de São Paulo. É que as cidades foram esvaziadas, os transportes ficaram paralisados e a atividade produtiva caiu para próximo de zero. Ficou claro, e esse é o ponto decisivo, a capacidade dos trabalhadores nesse momento de pararem o país.
No Centro de São Paulo, a maior zona comercial do país, a maioria dos comerciantes ouvidos numa reportagem do UOL, repetiu a mesma avaliação: a situação estava pior, bem pior, que nos dias de feriado. Avaliaram ainda, quase todos os ouvidos pela matéria, que os prejuízos não eram pequenos, mais giravam em torno de 70 a 90%.
Não há dúvida de que, como mostram os dados qualitativos, essa foi uma greve muito bem sucedida. A paralisação dos transportes, do comércio e das demais atividades, especialmente pela dor que provocam no bolso dos empresários, são os evidentes índices de sucesso da Greve Geral.
A Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular devem comemorar essa grande vitória. É uma grande vitória pelo que anunciam, isto é, pela retomada da capacidade de ação conjunta, em união organizada, da maior parte da população brasileira, os trabalhadores. Parte da sociedade contra a qual, justamente se fez o golpe, e que agora se pretende massacrar através da reforma trabalhista e da reforma da previdência.
Realizar uma Greve Geral em um país tão extenso e diverso, não é fácil. A energia para romper a inércia, num país de baixo nível educacional e ínfimo envolvimento político, como é o caso do Brasil, tem que ser muito alta e explosiva. O sucesso da Greve Geral mostra a grande elevação da indignação política dos trabalhadores das cidades e do campo. Nas passeatas e concentrações, se viu constantemente ao lado das camisetas e bandeiras da CUT e do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), as camisetas e bandeiras do Movimento Sem Terra (MST).
É importante ainda, para medir o sucesso da Greve Geral, considerar que se fez enfrentando interdições injustificáveis do Judiciário, sabotagens e ódios da grande mídia, e ameaças e chantagens de políticos, como do prefeito João Dória, que ameaçaram com punições e retaliações contra os grevistas. Que foram vencidos, como se vê pelo silêncio absoluto guardado hoje pelo falastrão midiático Doria.
No caso da Justiça em São Paulo, ela concedeu, com velocidade impressionante, liminar contra a paralisação de metrô, dos trens e ônibus, ou seja, tentou bloquear a Greve Geral impedindo a paralisação dos transportes. Era o que já no dia 27 se estampava em matéria da Folha:
“A Justiça de São Paulo concedeu uma liminar (decisão provisória) contra a paralisação de 24 horas programada para esta sexta-feira (28) pelos sindicatos dos metroviários e ferroviários. A decisão é contra greve total ou parcial das categorias e estabelece multa de R$ 937 mil a cada um dos sindicatos envolvidos no caso de descumprimento.”
Observem que a liminar proíbe tanto a “greve total”, quanto a “parcial” dos metroviários e ferroviários e as pune com quase um milhão por dia por sindicato. Se pudesse, nesse paraíso judiciário que é o Brasil, a Justiça proibiria também a “greve mental”, o mero desejo de greve é perigoso para quem ganha mais de R$ 100 mil real por mês.
Pois bem. A conspiração da Mídia com o Judiciário foi vencida. E essa foi a primeira das grandes greves que vão desfazer a pilhagem organizada pelo golpe e por Temer. O avanço começou em época propícia. A perseguição contra Lula, que se intensificou brutalmente desde março de 2016, e que passa por um clímax nesse momento, a campanha eleitoral que se estenderá pelo próximo ano, tudo isso levará pólvora a boca dos canhões. A guerra está só começando.
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