A covardia policial contra manifestantes no Rio!

(Foto: Francisco Proner, Mídia Ninja)

Enquanto Luis Roberto Barroso enche a boca para falar, em palestras para empresários, que o poder judiciário está “tentando refundar o país”, e não fala nada sobre a escalada de violência contra manifestantes no Brasil, a polícia militar do Rio de Janeiro agride manifestação democrática com bombas e tiros.

Cadê o judiciário, ministro Barroso, na hora de punir a violência policial? E não falo apenas dos pms, mas sobretudo de seus comandantes e secretários de segurança?

Sobre o papel da grande mídia, chancelando o Estado policial, não preciso falar nada. Quem olha a capa do jornal O Globo de hoje, ou viu qualquer cena na TV, já sabe: são inimigos do povo brasileiro, inimigos da democracia, inimigos da classe trabalhadora.

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No Facebook de Maria Fernanda Arruda

Manifestação linda e pacífica até a polícia chegar atirando bomba de gás lacrimogêneo.

“O ataque foi exatamente em cima de nós , de nossos companheiros…. atacaram o palco…. onde eu estava …. a PM barbarizou a área….depois, quem pode retornou…”

Sobre a manifestação de hoje no Rio de Janeiro
Por Juliana Krapp, jornalista – Fiocruz

Não, a culpa da truculência e da absurda violência que dispersou a manifestação no centro do Rio, nesta tarde 28 de abril, não foi de vândalos. Não acreditem nisso que as TVs e os jornais – os mesmos que apoiaram o golpe civil-militar de 64 – estão querendo vender. Não teve a ver com ônibus queimados ou vidraças quebradas, amigos. Não caiam nessa esparrela, por favor.

Eu estava lá, junto a milhares de outros trabalhores que, pacificamente, protestavam contra o brutal corte de direitos que representam as reformas trabalhistas e da previdência. Nós fomos covardemente encurralados. Viramos alvo de bombas, gás pimenta, bolas de borracha.

Eu estava parada numa roda de amigos na Cinelândia, em frente à Câmara. O clima estava amistoso, tranquilo, e apenas as notícias de confusão na Alerj poderiam trazer alguma preocupação. Assim que ouvimos o ruído das primeiras bombas, vindo da Rio Branco, decidimos seguir para zonas mais à beirada. A correria nos pegou na calçada do Amarelinho, com as bombas e o gás vindo em nossa direção. Seguimos pela Alcindo Guanabara, achando que poderíamos sair do tumulto, ir embora. Mas a polícia simplesmente havia cercado tudo, feito um círculo ao redor da manifestação e seguiu nos encurralando, atirando bombas ao deus dará. Ela nos impressou, sem que houvesse saída. Uma tocaia, literalmente.

Havia crianças chorando, idosos, muita gente passando mal, em pânico. Eu e uma amiga conseguimos abrigo num prédio da Rua Álvaro Alvim, onde já havia uma pequena multidão, espremida. Uma mulher deitada ao chão chorava copiosamente, gritando que sua filha havia ficado lá fora. Estamos numa guerra, pensei. O cheiro do gás fez com que subíssemos as escadas – e cada vez mais.
Com medo de que a polícia entrasse no prédio, seguimos até a Lapa. Era tudo terror, era tudo inacreditável. Na Rua da Lapa, nova correria, mais bomba. Entramos no pátio da ACM. O carro de guerra da polícia estacionou na frente, com os policiais apontando as armas – sem deixar nenhuma dúvida de sua disposição ao ataque. Repito: não havia nada ali acontecendo. Apenas pessoas caminhando, indo embora, nada mais.

Mais espera, mais terror, e alcançamos a Glória. Paramos no bar Vila Rica para beber alguma coisa e tentar raciocinar, aturdidos pelo gás e por todo o resto. Não estávamos mais num protesto. Era o Vila Rica, era a Glória, com a calçada cheia de jovens aproveitando a noite de sexta, gente indo correr, cachorros passeando. Em poucos minutos, a correria nos alcançou novamente. E as bombas, e o gás. Pois a polícia não apenas encurralou manifestantes pacíficos – ela os perseguiu, por diferentes bairros.

Nos abrigamos numa padaria. As notícias dos grupos de whatsapp e via Fabebook eram assustadoras. Amigos ajudando pessoas que passavam mal na plataforma do metrô, onde o gás também chegou. Amigos ainda presos ao labirinto de bombas da Cinelândia e da Lapa. Nas ruas, pavor e correria.

Agora já estamos em casa, e eu queria muito dizer: não, não foram os “vândalos”. Não acredite nisso.

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Assista também o desabafo do deputado Wadih Damous:

Vídeo do Sintrasef-RJ:

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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