Escolas particulares aderem à greve geral e recebem apoio de alunos e ex-alunos

Nesta sexta-feira muitas escolas particulares e seus professores, funcionários e estudantes aderiram à greve geral convocada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo contra as reformas da previdência e trabalhista do governo Michel Temer.

Nas redes sociais proliferam manifestos de solidariedade dos ex-alunos dessas escolas para com seus antigos professores.

É o caso do manifesto que acaba de ser lançado pelos ex-alunos do tradicional Colégio de São Bento.

No manifesto os ex-alunos repudiam “todo e qualquer mecanismo de deslegitimação do movimento e, sobretudo, eventuais assédios aos professores e técnicos aderentes”.

Leia abaixo o manifesto na íntegra:

Carta aberta de apoio aos professores e funcionários do Colégio de São Bento do Rio de Janeiro

Nós, membros da comunidade de ex-alunos do Colégio de São Bento, declaramos apoio incondicional aos docentes e aos técnicos da instituição que aderiram à paralisação do dia 28 de abril contra as profundas alterações da legislação trabalhista e sistema da previdência, em curso nas câmaras de representação.

Conforme apurado, 61 dos 150 professores do Colégio incorporaram a decisão do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (SinproRio), que decidiu pela paralisação de hoje (28) em assembleia geral extraordinária realizada no dia 17 de abril. Não foi possível apurar a adesão dos técnicos.

Lembramos que, em nosso país, o direito à greve é assegurado pelo artigo 9º da Constituição Federal e pela lei nº 7.783/89. O texto da lei é claro ao dizer que compete aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercer esse direito e os interesses que devam por meio dele defender. Dessa forma, justamente pela preservação do ambiente democrático, acreditamos que respeitar a decisão dos docentes e técnicos é um dever de todo membro da comunidade beneditina, compartilhemos ou não de suas visões de mundo. Ademais, como ex-alunos, temos um dever de gratidão eterna aos professores e funcionários, e apoiamos com veemência seu direito à manifestação democrática.

Além disso, repudiamos todo e qualquer mecanismo de deslegitimação do movimento e, sobretudo, eventuais assédios aos professores e técnicos aderentes. Confiamos que a direção do Colégio, longe de ser alvo das reivindicações, preza pelo bem-estar de seus funcionários e saberá lidar com eventuais pressões de pais e alunos por meio da conciliação, e jamais da punição.

Diante de flagrante ataque ao direito à greve, nós, parte da comunidade beneditina essencialmente trabalhadora, não podemos nos silenciar. Manifestamos, assim, nosso total apoio à paralisação dos professores e técnicos, sempre inspirados nas palavras de nosso eterno reitor Dom Lourenço de Almeida Prado:

“Há um caminho que, não raro, é apresentado como neutro: o abstencionismo. Acontece, porém, que o abstencionismo é fuga ao dever e o que chama neutro é, na verdade, a tomada de uma posição contra os que estimam que o neutro é um corpo mutilado. É a filosofia dos que não levam a sério a filosofia do outro”. (“EDUCAÇÃO. Ajudar a pensar, sim. Conscientizar, não”. Rio de Janeiro: Agir, 1991, p. 149-50)

Theo Rodrigues: Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.
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