Moro e procuradores do MP já produziram 4 milhões de desempregados
por Wadih Damous*
Do alto de seus supersalários e privilégios, os integrantes da chamada força-tarefa da Lava Jato contam com a cumplicidade da mídia para esconder um dado aterrador: dos 13 milhões de desempregados brasileiros, nada menos do que 4 milhões são resultado direto da dizimação do setor de óleo e gás e da destruição das empreiteiras do país.
Por obra e graça da Lava Jato, centenas de milhares de famílias não só sofrem as graves privações causadas pela falta de trabalho e renda, como não enxergam perspectivas no horizonte, pois os golpistas atiraram o Brasil na mais profunda recessão de sua história.
Em qualquer lugar do mundo civilizado, donos e executivos de empresas que cometem malfeitos são punidos na forma da lei, mas as empresas são preservadas, em geral pela celebração de acordos de leniência.
Além de gerarem milhões de empregos diretos, sem falar nos postos de trabalho indiretos em toda a cadeia produtiva, essas empresas são artífices do desenvolvimento e concentram um patrimônio valioso que é a memória da engenharia nacional.
A Siemens alemã existe desde a Alemanha nazista, tendo inclusive colaborado com o regime hitlerista. Com o fim da guerra, muitos de seus dirigentes foram presos. A empresa, todavia, não foi tocada. Mais de 70 anos depois, a poderosa multinacional Siemens é exemplo da pujança da economia alemã.
A insensibilidade de juízes e procuradores do MP em relação aos dramas sociais vividos pela gente brasileira tem origem de classe.
O nosso sistema de justiça virou uma espécie de reserva de mercado para os jovens das classes média e alta. Depois de frequentarem os colégios e cursos preparatórios aos quais só a elite tem acesso, eles ingressam na magistratura e no MP aos vinte e poucos anos e sem qualquer experiência nas lides do direito.
O salário inicial de um procurador, cerca de 30 mil reais, chega a ser um escárnio se comparado aos 14 mil recebidos por generais e almirantes ou aos 12 mil de professores universitários com todos os títulos acadêmicos e em fim de carreira.
Oriundos da burguesia e com seus polpudos salários ainda engordados por toda sorte de penduricalhos, não causa estranheza que os procuradores messiânicos da República de Curitiba se lixem para o desemprego alheio.
Desemprego que só tende a se agravar com a política econômica ultraneoliberal ,e que não é mais adotada por nenhum país ao redor do planeta, da dupla Temer-Meireles, baseada no desmonte e na acelerada desnacionalização da economia, com a entrega aos estrangeiros das nossas riquezas.
Segundo o economista e professor da UFRJ João Sicsú, o pior é que estão sendo desmontadas as estruturas do Estado brasileiro capazes de alavancar um novo ciclo de crescimento depois que o vendaval golpista passar.
Sicsú citou como exemplo a demolição das estruturas de instituições vitais para o desenvolvimento nacional, tais como o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e a Petrobras.
A petroleira inclusive responde por 10% do PIB nacional. A aprovação pela Câmara dos Deputados e a posterior sanção pelo presidente golpista, sem nenhuma salvaguarda para os trabalhadores, da terceirização irrestrita é outro fator de elevação das taxas de desemprego.
Com o fim da CLT , sacramentado pela provável aprovação da reforma trabalhista , uma legião de desempregados permanentes vagará pelo mercado, se limitando a vender sua força de trabalho de forma temporária e sem direitos. Como a excrescência legal do negociado prevalecendo sobre o legislado, milhões de trabalhadores cujas categorias são representadas por sindicatos pouco atuantes ou sem tradição de luta estarão condenados à precarização e ao desemprego.
O Brasil governado pela quadrilha golpista está invertendo absurdamente o sistema protetivo, algo que não encontra paralelo em nação alguma.
As leis trabalhistas surgiram para proteger a parte mais fraca da relação de trabalho, que é a classe trabalhadora. A reforma de Temer assegura aos empresários, elo mais forte pois detêm os meios de produção, garantias infinitas, enquanto abandona os que vendem sua força de trabalho à própria sorte.
Wadih Damous – deputado federal e ex-presidente da OAB-RJ.