(Sem ideias)
Por Pedro Breier, colunista do Cafezinho
A direita brasileira é antidemocrática, entreguista e tem aversão a qualquer coisa que cheire a povo (só toleram a massa se ela for cheirosa, não é Cantanhêde?).
Com isso nós estamos acostumados.
O que está começando a irritar é a falta de criatividade.
Topei hoje com esta matéria, do acervo do Estadão, sobre um panfleto apócrifo de 1982 acusando Lula, que era candidato a governador de São Paulo naquele ano, de ter uma casa “onde ele passa as suas férias” no… Guarujá! 35 anos depois o máximo de inventividade que conseguiram empregar na mais nova acusação contra Lula foi trocar a casa por um triplex.
A absoluta falta de talento criativo da direita ficou evidente também na delação de Léo Pinheiro.
O ex-presidente da OAS tentou fechar acordo de delação em 2016 mas não conseguiu porque não incriminou Lula. Preso, condenado em primeira instância e vendo sua pena aumentar em segunda instância, Léo Pinheiro resolve, enfim, falar o que querem ouvir dele para sair das masmorras de Curitiba.
E o que ele fala, candidamente? Que o triplex era uma propina para Lula mas ele não tem como provar porque o sapo barbudo mandou destruir todas as evidências!
Ora, a Lava Jato, grande propulsora de um golpe sofisticado como este, que derrubou a democracia brasileira e agora tenta impedir Lula de ser candidato a qualquer custo, vai apresentar, como sustentação da condenação do presidente mais popular desde Getúlio, um depoimento dizendo que o ex-presidente recebeu propina mas mandou destruir as provas? Não foram capazes nem de forjar alguma evidência minimamente aceitável? Francamente!
O torturado/delator ainda teve a cara de pau de apresentar tíquetes de pedágio, registros da data e duração de ligações telefônicas e a agenda de Lula como provas. Talvez fosse melhor ficar no “mandou destruir tudo” mesmo…
O próprio golpe que alçou os maiores bandidos do país ao poder foi um espetáculo de falta de criatividade: repetiu-se a mesma ladainha anticorrupção dos tempos de Getúlio e a mesma paranoia anticomunista de 1964 para derrubar o governo inimigo. Teve até reedição da marcha da TFP.
As forças da direita deveriam pensar em contratar roteiristas mais modernos para oxigenar as suas estratégias de ataque à democracia.
Se o filme é sempre igual, em algum momento as pessoas se dão conta de que se trata de pura ficção.