Por Bajonas Teixeira
A acusação de Léo Pinheiro é tão imbecil, tão incrivelmente idiota que, em resumo, diz que Lula mandou destruir as provas, mas deu também ordens para não vender o triplex. Isso equivaleria a um chefe de quadrilha que ordenasse ao seu bando: “escondam o dinheiro do assalto mas deixem os corpos dos guardas assassinados bem visíveis na minha sala de estar”. Em nenhum planeta desse vasto universo, isso seria crível: deixar-se de eliminar a prova, a única prova, que é uma prova tripla, justamente o triplex do Guarujá. Que outra prova poderia haver? Nenhuma. Mas justamente essa robusta, tripla, materialíssima prova, não teria sido eliminada, isto é, vendida a outro pela OAS.
Como o grande cérebro do maior esquema criminoso da história do Brasil, o comandante em chefe, o intelecto do mal, o mago que faz as provas desaparecerem num passe de mágica, teria ordenado tal sandice? Seria ele um triplexmaníaco?
Sim. Talvez uma criança de cinco anos, ou um adolescente formado pela escola sem partido, pudessem ser ludibriados pela farsa montada pelo ex-presidente da OAS. Mas um adulto com um mínimo de capacidade de reflexão, jamais se deixaria convencer pela construção primária dos fatos e pelas inconsistências dessas denúncias.
Vejamos como tanta imbecilidade pôde ser construída.
É preciso voltar a história recente de Léo Pinheiro para explicar sua afronta ao mais simples bom senso. Na verdade, elas são a tentativa desesperada de um sujeito que, tendo se calado em seu depoimento a Moro no dia 24 de agosto de 2016, foi, como um incentivo ao canto livre, preso novamente no dia 05 de setembro, justamente por ordem de Sérgio Moro.
Ou seja, após se calar no depoimento de agosto, por não ter dito o que Moro queria ouvir, Leo Pinheiro recebeu como punição a volta à prisão apenas 12 dias depois. Pode haver melhor método para ensinar um passarinho a cantar? E mais, um passarinho já bem amaciado que já havia sido preso em 2014 pela Lava Jato e condenado a 16 anos?
Contudo, até aí Léo Pinheiro se manteve firme. Não inventou nada. Veio então sua tentativa de delação premiada que, contudo, segundo o UOL, não foi adiante por faltar elementos que incriminassem Lula:
“Segundo Pinheiro, as obras que a OAS fez no apartamento tríplex do Guarujá (SP) e no sítio de Atibaia (SP) foram uma forma de a empresa agradar a Lula, e não contrapartidas a algum benefício que o grupo tenha recebido. A versão é considerada pouco crível por procuradores. Na visão dos investigadores, Pinheiro busca preservar Lula com a sua narrativa.”
Ou seja, mesmo condenado a 16 anos, Léo Pinheiro se recusou a mentir. Isso aconteceu em junho de 2016. Mas o que veio depois? Logo depois, em segunda instância, a pena do empresário foi aumentada para 23 anos.
Por que a versão foi considerada “pouco crível pelos procuradores”? Por que para eles todo o edifício da Lava Jato, conforme aquele risível PowerPoint de Dallagnol, repousa na colocação de Lula como o comandante em chefe de toda a corrupção. E qual a narrativa?
A Lava Jato diz ter convicção de que, em paga de três contratos com a Petrobras, em que se incluem obras das refinarias REPAR e RNEST, a OAS teria pago a Lula vantagem indevida, ou seja, o mísero triplex do Guarujá.
Ordem para destruir provas
Primeiro, como não existe prova alguma que incrimine Lula, ao invés disso ser o suficiente para inocentá-lo, Lula foi acusado de destruir provas, ou seja, de ser um criminoso duplo (que comete o crime e destrói as provas do crime cometido): deu ordens para destruir as provas. Para tentar tornar verossímil isso, Léo Pinheiro diz que seguia instruções, que era orientado. Então, foi orientado a destruir provas. De toda essa baboseira, não mostra sequer uma única… prova. Ou seja, o argumento é: não tenho provas porque Lula mandou destruir as provas.
E no entanto, Lula mandou não vender o triplex…
“A orientação que foi me passada naquela época foi de que: ‘toque o assunto do mesmo jeito que você vinha conduzindo. O apartamento não pode ser comercializado, continua em nome da OAS, e, depois, a gente vai fazer para fazer a transferência ou o que for’. De acordo com Pinheiro, assim foi feito.”
Mas que imbecil pediria para não vender a prova do crime, e guarda-la para que, mais à frente, pudesse fazer a transferência?? Isso está além da imaginação e do mínimo de verossimilhança. O país inteiro, e a Lava Jato em particular, a mídia de olho, e a ordem que vem é essa: mantenha para mais tarde transferir. É óbvio que isso contradiz inteiramente a versão da destruição de provas. A maior, mais robusta, clara, cristalina, e irrefutável prova, deveria ser mantida.
É um discurso, como já assinalamos, calibrado para egressos da escola sem partido. Como parte do país pode crer nisso? Pela repetição incessante da mídia, pela falta de um discurso contrário, pela entrada do Brasil em uma espiral totalitária. Também na Rússia stalinista, em 1937 e 1938, julgamentos espetáculo foram montados e seus réus culpados e fuzilados. Todos os melhores homens que comandaram a revolução de 1917 foram eliminados. Hoje, num linchamento ainda maior, todas as armas se voltam para um único alvo: Lula.
PS: O leitor Francisco de Assis chama-nos a atenção para um ponto bastante importante. O gênio do Mal, Lula, segundo o depoimento de Léo Pinheiro, teria mandado destruir as provas em “maio ou junho de 2014”. Contudo, o mesmo Léo assegurou em outro depoimento, que os “comparsas” do chefe da organização, Marisa e Fábio, visitaram em sua companhia o imóvel em agosto de 2014. E avisaram que pretendiam tomar posse do triplex no revéillon 2014-2015. Ou seja, Lula iria mudar-se para a prova número 1 dos seus delitos meses depois de ordenar a destruição das provas. É um disparate tão evidente que trai toda a insanidade das denúncias do ex-presidente da OAS.