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Toledo: o vazio do centro da política brasileira

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil) Toledo é um dos raríssimos analistas de política que tenta escrever sem entrever babas de ódio. O que é um alívio. Doria e o vazio do centro Por Jose Roberto de Toledo, no Estadão 10 Abril 2017 | 00h34 Pela primeira vez desde o fim da ditadura, um candidato presidencial tem […]

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(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Toledo é um dos raríssimos analistas de política que tenta escrever sem entrever babas de ódio. O que é um alívio.

Doria e o vazio do centro

Por Jose Roberto de Toledo, no Estadão

10 Abril 2017 | 00h34

Pela primeira vez desde o fim da ditadura, um candidato presidencial tem chance de lacrar mais de 10% dos votos na ponta mais conservadora do eleitorado. Antes de Jair Bolsonaro, Paulo Maluf foi quem chegou mais perto, ao obter 9% em 1989. Enéas bateu 7% em 1994, mas virou folclore. Desde então, os eleitores conservadores se dispersaram e, mais recentemente, acabaram inchando o balaio de votos de presidenciáveis do PSDB. Não mais.

A evolução de todas as pesquisas de intenção de voto mostra os três mais emplumados tucanos – Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra – em rasante cada vez mais baixa na proporção em que Bolsonaro decola. O eleitor de arribação ouve a própria voz nas declarações extremadas do ex-militar eleito deputado. Não são poucos: pelo Ipsos, Bolsonaro tem potencial de 14%, fora o desconhecimento autodeclarado de um terço do eleitorado.

Essa ponta, portanto, parece ocupada. A outra também.

A ressurreição eleitoral de Lula se dá da periferia para o centro. A porção que o petista parece recuperar de seu eleitorado está concentrada – segundo as mesmas pesquisas – entre os mais pobres, menos escolarizados e nas minorias estigmatizadas por Bolsonaro. Ao contrário de 2002 e 2006, Lula terá que radicalizar seu discurso para consolidar esse eleitor.

O ex-presidente vai disputar seu campo prioritário com os candidatos do PSOL e, eventualmente, da Rede. Pelas pesquisas disponíveis, Lula tem, hoje, um quarto das intenções de voto, com potencial para chegar a um terço, talvez um pouco mais.

Essa ocupação das pontas deixa um grande vazio no centro: no mínimo um terço do eleitorado sem candidato, com chance de passar da metade. A possibilidade de haver entre 35% e 60% de eleitores órfãos é música hipnótica para os partidos. Atrairá mais candidatos a presidente do que o flautista de Hamelin.

Daí a comparação de 2018 à eleição de 1989 e seus 21 presidenciáveis. Foi a única de sete vezes em que a soma dos votos dos dois primeiros colocados não chegou nem a 50% da votação total do primeiro turno. Desde então, os candidatos petista e tucano levaram, juntos, de 70% (2002) a 90% (2006) do total.

Hoje essa polarização acabou. Pode ressuscitar? Apenas se o PSDB encontrar um candidato carismático o suficiente para, ao mesmo tempo, fazer frente a Lula e tirar votos de Bolsonaro. Nada indica que os já derrotados pelo lulismo – Aécio, Alckmin e Serra – tenham esse perfil. Daí o frenesi dentro e fora do PSDB em torno de João Doria e seus inéditos 43% de ótimo e bom (Datafolha) nos primeiros três meses como prefeito de São Paulo.

Viabilizar Doria como candidato tucano a presidente não é simples, porém. Além de superar a oposição do padrinho Alckmin, ele precisa ganhar visibilidade nacional (vem tentando através das mídias sociais, principalmente do Facebook, mas ainda é desconhecido por 39% no Ipsos), tornar-se o anti-Lula (no que se empenha desde a campanha a prefeito em 2016, pelo menos) e ainda fazer frente a Bolsonaro e seus militantes virtuais.

Talvez essa última necessidade explique os panos quentes que o prefeito aplicou diante do enfrentamento entre seu secretário da Educação e o MBL. Alexandre Schneider virou alvo após criticar o vereador do movimento, Fernando Holiday, por ele ter entrado em escolas municipais para ver se havia “doutrinação ideológica por parte de professores”. O MBL sabe que Doria precisa de seu arsenal virtual para avançar no território de Bolsonaro.

Se Doria não se viabilizar no PSDB, abrem-se duas possibilidades não necessariamente excludentes: a pulverização do centro como em 1989 e/ou o surgimento de um Collor 2.0 em outro partido. Talvez o próprio Doria.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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fernandooedson

11/04/2017 - 22h46

Por isso se faz necessário o entendimento da pesquisa sobre “Percepções e Valores Políticos na Periferia de São Paulo”, feita pelo Instituto Perseu Abramo, que embora tenha sido feita com uma pequena parcela de uma classe social específica, seu resultado demonstra em alguns temas o pensamento de grande parte da população brasileira, principalmente no que sem refere a influência da mídia e da religião.

Talvez esteja aí um grande recado para a esquerda, se voltar à militância, porque a direita, além de nunca ter deixado de fazer, está aprimorando e intensificando o trabalho de base.

http://novo.fpabramo.org.br/content/percepções-na-periferia-de-são-paulo

Roberto Neiva

12/04/2017 - 01h14

Verdade…….não tem mais briga…….a esquerda já estava na latrina e agora foi dado a descarga…..ferrou.

Cléber Policarpo

11/04/2017 - 23h09

TÁ FORA DA LISTA DO JANOT? MASOQUEISSO? MASOQUEISSO? MASOQUEISSO? KKKKKKK

Francisco

11/04/2017 - 18h25

O PMDB morrendo, tamo no lucro…

Ivan Lima

11/04/2017 - 19h47

Daniel Machado

    Daniel Machado

    11/04/2017 - 19h48

    Tu tá apenas preso em uma bolha social só isso https://youtu.be/COgkI7GhFR0

    Ivan Lima

    11/04/2017 - 20h28

    Tu parece um papagaio… Produz as tuas falas mah…

Guilherme

11/04/2017 - 14h11

Se o PMDB, o centro mais fisiológico que existe se esfacelar, já é uma vitória.

Estão no poder desde a saída dos militares.

Não aguentaram a Dilma, e chutaram o balde para poderem locupletar-se sossegados. Esse é o Brasil de hoje.

Laercio Ferreira

11/04/2017 - 15h55

O VAZIO DO CENTRO DE MACUMBA DA POLÍTICA BRASILEIRA ONDE SE ENCONTRAM AS MAIORES PERSONAGENS ESPÍRITA DE MESA REDONDA OU BRANCA ,DOS COFRES PÚBLICOS , DINHEIROS PÚBLICOS,ESSA RAÇA DE TUCANOS ABUTRES , ESTÃO DANDO ASA, UM TUCANO BIÔNICO DA ESPETACULARIZAÇÃO DA POLÍTICAGEM DAS MULTINACIONAIS? O PMDB UM ÔNIBUS DE ACUSADOS DA LAVA A JATO, ESPACIAL EM PLENA COLISÃO COM MARTE? PEDIMOS ARREGO , E NEM DEUS AJUDA??

Luiz

11/04/2017 - 12h17

SOMENTE NO BRASIL DÓRIA E BOLSONARO CONSEGUEM ENGANAR TROUXAS. MEU DEUS, ONDE VMOS PARAR.

Eduardo Pires

11/04/2017 - 14h11

O problema não é o vazio e sim pq está tão cheio de pessoas vazias.

Jorge Bohn

11/04/2017 - 13h43

Bolsonado, Doria ou Huck… que dilema pra essa direita.

    Zu Oliveira

    12/04/2017 - 15h16


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