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Renan Calheiros: o preço da (im)previdência

(Foto: Jonas Pereira / Agência Senado) Esse artigo foi publicado na Folha de São Paulo, hoje, mas também no site oficial de Renan Calheiros, que foi de onde o pegamos. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) lidera, desde há algum tempo, um racha dentro do partido do governo. *** O preço da (im)previdência TERÇA-FEIRA, 11 DE […]

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(Foto: Jonas Pereira / Agência Senado)

Esse artigo foi publicado na Folha de São Paulo, hoje, mas também no site oficial de Renan Calheiros, que foi de onde o pegamos.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) lidera, desde há algum tempo, um racha dentro do partido do governo.

***

O preço da (im)previdência
TERÇA-FEIRA, 11 DE ABRIL DE 2017

A Previdência, entendida como precaução, é um mandamento irrecusável de líderes e gestores. A amplitude de sua reforma recomenda o dobro em cautela, uma vez que o tema afeta a vida de todos os cidadãos e das gerações futuras.

Em razão dessa magnitude, o Congresso Nacional advogou a discussão antecipada do texto para minimizar as previsíveis fricções. Todos concordam que uma reforma é necessária, mas qual?

Três presidentes (FHC, Lula e Dilma) fizeram as suas. É compreensível que o presidente Michel Temer, relator de uma delas, também o faça. Há deformações históricas e privilégios a serem corrigidos.

O debate prévio traria o Congresso para uma coautoria da emenda e calibraria a reforma possível, respeitando as especificidades do caso brasileiro. Entretanto, a concepção fria de um balancete para fazer face à crise fiscal ignorou a inclusão, a proteção social e desdenhou o contorno humano.

Em um país que não taxa distribuição de lucros, o governo corre para propor uma reforma que visa, ao longo de dez anos, gerar uma receita aos cofres públicos de R$ 738 bilhões. Pretende-se combater o deficit espetando a conta no trabalhador.
Em pelos menos 15 países desenvolvidos, a média da participação tripartite da seguridade social é a seguinte: 45% dos governos, 35% dos empregadores e o restante dos trabalhadores.

O Executivo defende a reforma afirmando que a Previdência Social, em 2016, registrou um deficit de R$ 151,9 bilhões. Mas não esclarece, por exemplo, que cerca de R$ 100 bilhões foram drenados da seguridade pela DRU (Desvinculação de Receitas da União). Renúncias e desonerações consumiram R$ 157 bilhões e outros tantos bilhões foram gastos com passivos relegados.

Para a região Nordeste, que tem crescido acima da média nacional, a proposta condena ao empobrecimento. Inúmeras cidades da região sobrevivem de recursos previdenciários e do Bolsa Família.

Nesse contexto, dificultar aposentadorias estancará o desenvolvimento desses municípios e fará com que milhões de brasileiros morram antes mesmo de receber os benefícios.

Há vários pontos de resistência em todos os partidos. O governo afrouxa com sucessivos recuos a fim de, agora, identificar a reforma possível. Tudo em nome de uma celeridade incompreensível que beneficia apenas o mercado.

Em se tratando de vidas, não adianta pressa, especialmente se estamos indo para o lado errado.

Ainda em nome da ligeireza, urdiu-se uma comissão de três senadores para usurpar a Câmara Alta. O Senado não pode e não vai terceirizar suas prerrogativas. É insubstituível e não vai abrir mão do debate em nome de um açodamento indefensável.

Minhas discordâncias, como de hábito, são públicas, não sorrateiras. Na era Dilma, as divergências foram todas compartilhadas. Como presidente do Congresso, devolvi uma MP (reoneração da folha) que aumentava impostos ilegalmente.

No governo Michel Temer, com quem tenho mais convergências que divergências, estranhei a ausência de mulheres nos ministérios, propus recriar a pasta da Cultura, defendi maior participação do tucanato e fiz reparos ao inchaço da Esplanada.

Reitero que prefiro ser crivado pela crítica do que ser arruinado pela bajulação. Política não se aprende, se compreende.
As ponderações são coerentes com minha biografia -eu não vou e volto. Mesmo assim, despertaram um vigor especulativo. Há um decálogo de supostas razões: nostalgia lulista, recursos para Alagoas, reeleição, nomeações para cargos do Judiciário, ministério dos Portos, dívidas estaduais, Lava Jato, perda de poder, pesquisas eleitorais e baixa popularidade presidencial.

O motivo único e óbvio foi negligenciado: o Parlamento faz questão de discutir a reforma e abdica da imprevidência. Essa é a minha compreensão. E para tanto, respeitosamente, afirmo que não preciso ser presidente da República. Como senador por Alagoas, eu tenho o dever de entrar neste debate.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Vitor

11/04/2017 - 18h27

Na moral que Renan está querendo se passar por político sério e preocupado com o povo?
Duvido algum desavisado cair nessa…

Fernando

11/04/2017 - 11h45

“Nesse contexto, dificultar aposentadorias estancará o desenvolvimento desses municípios …”. Piada, né. Alguém já viu aposentado alavancar desenvolvimento em algum lugar ? Só o ânus de Renan para produzir uma idiotice dessas !

    Renato Silva Penna

    11/04/2017 - 12h53

    Fernando,nos municípios pequenos,o bolsa família,e as aposentadorias,são as maiores fontes de rendas que movimentam o comércio,pois não tem indústrias,e produção agrícola pequena,e estes repasses alem do Fundo de Participação dos municípios e retorno do ICMs.

      Fernando

      11/04/2017 - 15h41

      Sei muito bem disso, só que aposentadoria e bolsa família não são fontes indutora de crescimento. O que estanca o desenvolvimento dos municípios do nordeste/barra norte são os péssimos políticos e os políticos corruptos que mantém municípios e estados dessas duas regiões como seus próprios currais eleitorais , como fazem Renan Calheiro e outros !


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