Por Tadeu Porto*, no Diálogo Petroleiro
Romero Jucá, aquele mesmo que foi convidado para uma tal de suruba, era do PSDB-RR quando relatou no senado, há quase 20 anos, um projeto que regularizava a terceirização irrestrita.
Se no PMDB em 2016 o senador queria porque queria estancar a sangria da Lava-Jato com um Golpe de Estado, em 2002 o político quis ampliar a sangria dos trabalhadores (literalmente, pois é sabido que as mortes aumentam e muito comparando trabalhadores primários e terceiros) e acabou não tendo sucesso, provavelmente graças ao fim de feira que se tornou o final do segundo mandato FHC que conseguiu quebrar o país três vezes e pagar o preço de ser rejeitado nas urnas quatro vezes seguidas (voltou pela porta dos fundos com um Golpe que, de novo, quebrou o país).
Mas naquela época onde o Brasil tinha a campanha Natal sem Fome, o debate sobre a terceirização também foi acalorada, principalmente depois de um dos maiores acidentes da história da indústria petroleira nacional, o afundamento da P-36 no fatídico 15 de março de 2001. Isto porque, em diversas análises sobre o ocorrido, a terceirização irresponsável que FHC, Parente e cia foi apontada como uma das grandes culpadas pelo sinistro que matou 11 petroleiros.
Ambientalistas daquele tempo, por exemplo, criticaram diretamente as terceirizações promovidas pelo governo tucano, que enxugou o quadro de funcionários sem a devida reposição. Sem falar, também, nos petroleiros, aqueles que vivem efetivamente o dia a dia de trabalho nas instalações Petrobrás, que fizeram greve de 24 horas contra esse tipo de prática.
O Ministério Público, inclusive, somou-se as vozes contra os males da terceirização e abriu investigações contra a empresa. Já no âmbito parlamentar, a Alerj apontou a terceirização como a principal culpada do acidente e um estudo na câmara federal argumentou que “com aumento progressivo aumento de atividades terceirizadas… a deficiência de realizações de manutenções preventivas e programadas tornou-se significativa na P-36”.
Foi muito claro, naquele tempo, que a terceirização tucana foi a grande vilã num dos maiores escândalos da Petrobrás. Muitas pessoas pensam que os R$6,2 bilhões (U$ 1,68 bilhões), que não representam a realidade pois são números superestimados foi o maior escândalo de corrupção do país. Todavia, vale salientar que 2 anos de produção da P-36 – que afundou pela sanha entreguista de FHC – superariam fácil esse valor, sem contar no que a Petrobrás perdeu com danos a sua imagem e nas onze mortes que aconteceram na tragédia.
Essa mesma terceirização, que agora volta com o Golpe com ares triunfais, prometendo diminuir o desemprego no país, quando, na verdade, é mais uma agenda imposta pela elite econômica através de suas marionetes no legislativo.
Tadeu Porto é colunista do Cafezinho e diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense. Sigam-o no Face! :)