Por Wellington Calasans, Colunista do Cafezinho, na Suécia
Foram necessárias algumas décadas para a abertura dos arquivos da CIA e de imediato tudo o que era rotulado como “teoria da conspiração” foi revelado verdadeiro. Desde o absurdo dos cientistas norte-americanos que nos anos 40, na Guatemala, testaram medicamentos, mas para isso, deliberadamente, infectaram pessoas saudáveis com doenças sexualmente transmissíveis, culminando com o patrocínio dos golpes de estado na América do Sul, etc. as violações são incontáveis.
Em tempos de internet o que antes demorava décadas, agora é revelado em minutos. As “armas de destruição em massa no Iraque”, os golpes parlamentares em Honduras, Paraguai e Brasil, roubo de petróleo, sabotagem de democracias, instabilidade, etc. ratificam isso. Não é mais necessário esperar muito tempo, pois tudo ainda tem as impressões digitais fresquinhas da CIA e seus tentáculos.
Os recentes ataques com armas químicas na Síria chegam a desafiar a capacidade de pensar do ser humano. Não faz o menor sentido acusar Assad de ter promovido um ataque com armas que ele não possui e, pior ainda, em um momento favorável ao próprio Assad, após o providencial apoio da Rússia no combate aos grupos extremistas que tentam destituí-lo do poder.
Os EUA têm hoje um problema sério aos olhos do mundo: provar que o Presidente da República ainda representa o povo. Não importa quem assuma a presidência, a agenda é a mesma. Não há nada de democrático em um país onde o presidente eleito, seja ele quem for, é um fantoche da indústria das armas e do capital financeiro. E a internet revela isso diariamente. Guantànamo e os drones com Obama e as sucessivas mudanças de discurso de Trump falam por si. Isso apenas para citar os casos mais recentes.
Um homem rouba um caminhão e sai atropelando pessoas nas ruas de Estocolmo, capital do país que mais acolheu refugiados per capita e que melhores condições oferece a eles. Há um mês Trump falava sobre ataques na Suécia e o assunto foi tratado como piada. A internet mostra que foi apenas um “erro de agenda” na medida em que sabemos que os quadros do SD (Sverigedemokraterna), o partido de extrema direita daqui da Suécia, estavam em contato permanente com Trump na tentativa de ampliar o pânico e a xenofobia entre os suecos, pois assim cresceriam nas pesquisas. Coincidência?
Junte as duas informações do parágrafo acima e a resposta mais provável será a total sintonia entre o pedido dos racistas suecos e o efeito psicológico do ataque ocorrido no centro da cidade. O fascismo de Trump não pode ser exclusividade dos EUA, é preciso que outros países também criem os seus presidentes toscos para servirem de fantoche. O partido SD deve estar em festa, enquanto a Suécia chora as mortes ocorridas no centro da capital do país. Aguarde as novas pesquisas de opinião pública.
Eu estive, 15 minutos antes, no mesmo local onde aconteceu o ataque, aqui no centro de Estocolmo. Havia saído do almoço com um amigo e decidi procurar alguns imigrantes sírios para ouvir deles algo sobre os ataques com as armas químicas. O que ouvi de um deles foi que “os ataques terroristas” iriam ser intensificados. “A França, para favorecer Marine Le Pen, seria o próximo”, afirmou um dos sírios com os quais conversei. “Os terroristas não são sírios, mas grupos patrocinados pelos EUA”, disse outro.
É a combinação “ódio + medo” usada como combustível para a produção de novos(as) Trump. E não digam que é “teoria da conspiração”, pois como me disse o cientista político Moniz Bandeira, “Quem acusa de conspiração é quem conspira”.
Em tempo, foram quatro os mortos imediatos no ataque desta sexta-feira(7) aqui em Estocolmo. Quinze pessoas estão feridas e, pelo menos, cinco delas em estado gravíssimo. A polícia prendeu dois suspeitos e o país está em choque. Quem é o terrorista?