(O gráfico acima foi tirado da página do próprio BNDES)
Em meio à maior crise econômica da história, o governo Temer decidiu aumentar radicalmente os juros oferecidos pelo BNDES.
A ideia é que o BNDES, a partir de agora, ofereça juros de “mercado”.
Acontece que os juros de “mercado” do Brasil são os mais altos do mundo e inviabilizam completamente financiamentos de projetos de infra-estrutura.
Após assumir o governo, Temer praticamente paralisou o sistema de financiamento do BNDES, que sofreu um corte brutal.
O BNDES “deu” R$ 100 bilhões ao governo Temer, apenas para quitar juros de dívida pública, o que foi uma pedalada fiscal que faz a suposta pedalada de Dilma, razão usada para derrubá-la, parecer um brincadeira de criança.
Num momento como esse, cortar financiamento e elevar os juros do crédito novo são ações de suicídio econômico do governo, baseado no fanatismo neoliberal e na tese do capitalismo do “desastre”.
Abaixo, trechos de matéria publicada há pouco na Reuters.
BRASÍLIA (Reuters) – O governo criará nova taxa de juros para balizar o custo dos financiamentos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que passará a contar com menos subsídios da União, dentro de esforços para buscar o reequilíbrio das contas públicas e elevar a potência da política monetária.
(…) Para os tomadores de crédito, o financiamento ficará paulatinamente mais caro, sempre atrelado à evolução da inflação mais uma taxa extra. Para o governo, a medida reduzirá os subsídios concedidos aos empréstimos do BNDES. Para efeito de comparação, a TJLP está em 7 por cento e a taxa básica de juros (Selic) em 12,25 por cento.
(…) O gradual alinhamento das taxas do BNDES com as de mercado a partir do próximo ano, com a vigência da TLP, reduzirá o custo para o Tesouro com subsídios e tornará os empréstimos do banco de fomento mais caros num primeiro momento.
(…)
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Não se sabe que espécie de milagre o governo Temer espera da economia brasileira.
Está aumentando impostos.
Está aumentando o preço de energia.
Reduziu o crédito.
Os juros estão sendo reduzidos a um ritmo inferior à queda da inflação, de maneira que o juro real, na ponta, para o consumidor, está subindo.
E agora está, na prática, destruindo qualquer papel que o BNDES poderia ter na política de financiamento de infra-estrutura do Brasil.
Como o Brasil poderá crescer se o próprio governo asfixia a economia por todos os lados?