A nossa colunista, Denise Assis, escreveu um artigo muito interessante sobre o golpe de 1964.
O artigo traz informações que servem de alerta aos brasileiros. A atual Procuradoria Geral da República tem feito acordos informais com o Departamento de Justiça do governo americano.
É um acordo muito estranho, no qual a gente entrega informações sensíveis sobre nossas empresas públicas e privadas, e os EUA não dão nada em troca.
O artigo abaixo nos ajuda a lembrar com que tipo de governo estamos lidando.
***
Americanos seguiram João Goulart até o Uruguai
Por Denise Assis, colunista do Cafezinho
O presidente João Goulart, deposto no golpe do dia 1º de abril de 1964, teve os seus passos milimetricamente vigiados pelos americanos, antes e depois de ser apeado do poder. No dia 2 de abril, tão logo pisou em terras uruguaias – país que lhe concedeu asilo imediato, e de onde só retornou morto, em 6 de dezembro de 1976 -, a Casa Branca ficou sabendo do seu desembarque, por minucioso telegrama enviado ao departamento de estado para políticas e operações (dos EUA), pelo embaixador Lincon Gordon.
Na mensagem, o embaixador relatava o horário exato de sua chegada: 16h30, e detalhava que ele viajou em companhia de cerca de 15 pessoas, das quais nove foram identificadas pelo espião de plantão.
Gordon ainda relatou que, quase no mesmo horário, na Av. Rio Branco, no Centro do Rio, com a presença do general Dutra, cerca de 200 mil pessoas comemoravam a sua queda.
O telegrama de Gordon faz parte do conjunto de documentos solicitados pela Comissão Nacional da Verdade, ao presidente Barack Obama, em 16 de agosto de 2012. Depois de desclassificar a documentação, cujo conteúdo remetia a violações de direitos humanos praticadas por aqui durante o período da ditadura, o governo americano os remeteu ao Brasil em três lotes, nos anos de 2014 e 2015. A documentação endereçada ao país foi coletada junto a vários órgãos dos EUA e foi gerada pela Agência Central de Inteligência (CIA); pelo Departamento de Defesa e também pelo Departamento de Estado.
A primeira remessa, contendo 43 documentos nos foi entregue em junho de 2014, durante a visita do vice-presidente americano Joseph Biden, ao Brasil. O segundo lote, com outros 113 foi remetido em dezembro do mesmo ano e, por fim, mais 538 documentos foram enviados à Brasília, e entregues na Presidência da República, pela Embaixada dos Estados Unidos, em 30 de junho de 2015, durante a visita da presidenta Dilma Rousseff aos EUA.
A imagem do Brasil “florão da América”, esse colosso geográfico que se destaca nas representações do globo terrestre, com uma fileira de pequenos países acoplados ao seu mapa, sempre pareceu aos americanos do Norte, grande demais para não ser visto com a atenção devida. Foi assim que em 1964, o embaixador americano, Lincon Gordon, começou a não achar muita graça nas ideias de João Goulart, um nacionalista preocupado com a reforma agrária e outros conceitos, que em sua concepção poderiam desaguar no socialismo em voga, o de Fidel Castro.