Estarrecedor: Sérgio Cabral, pelo sofrimento causado a milhões de pessoas, receberá prêmio do MPF

Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho

É uma notícia estarrecedora. Pelo volume gigantesco da sua corrupção, pelos estragos irreparáveis que causou a um estado inteiro, por ter desmoralizado o RJ dentro e fora do país, pelo intenso sofrimento infligido a milhões de pessoas, pela fome de crianças nos orfanatos e ausência de medicamentos nos hospitais, a PGR está preparando um presente para Sérgio Cabral: negocia com ele uma delação premiada. Sérgio Cabral será premiado pelo Ministério Público Federal.

O prêmio dado pelo MPF, pela PGR de Rodrigo Janot, ao homem que causou o apocalipse no Rio de Janeiro é inconcebível e sinistro, mas é um fato. Está na capa do G1 da Globo e em matéria do Valor Econômico hoje: Cabral negocia delação premiada com PGR.

Sérgio Cabral terá a chance de contar tudo, de colocar todos os pingos nos iis. O único problema é que já se sabe de tudo sobre a corrupção de Sérgio Cabral. Não tem nada a ser esclarecido. Já se sabe quais foram as empresas, o destino das propinas recebidas, os gastos feitos, de ternos a gravatas, de anéis a iates, de gastos em restaurantes ao salário da governanta da residência. Mas, então, por que se remuneraria Sérgio Cabral com o bem que ele mais deseja nesse mundo, a liberdade, ou uma drástica redução de penas, depois de implodir um estado que não se recuperará nunca mais?

Qual o motivo para dar a Sérgio Cabral, um psicopata político, uma segunda vida social? Por que se presenteará, se dará um prêmio, a um corrupto cuja corrupção se eleva a dimensões quase inconcebíveis? Que figura pública, que corporação brasileira, poderia se tão insensível ao ponto de realizar o sonho mais íntimo de Cabral? E com que motivos?

Sim. A corporação, essa é o Ministério Público Federal e o motivo – Qual poderia ser? Evidentemente, que se fala em muitas frentes que Cabral delataria: o PMDB, o PSDB, procuradores do MP, políticos da Assembleia Legislativa do RJ, TCE do RJ, etc. Só que de tudo isso já se sabe muito. Os membros do TCE foram presos, o presidente da Assembleia do RJ foi levado coercitivamente para depor ontem. Não será que, no fundo, se espera de Cabral que delate uma única pessoa? Junto aquela que, segundo o PowerPoint ridículo de Dellagnol seria o supremo comandante de toda a corrupção no país, a saber, Luiz Inácio Lula da Silva?

Que outra obsessão justificaria dar um prêmio a um criminoso tão notório, a um facínora tão cruel como Cabral? E quem, em sã consciência, acreditaria em denúncias saídas da sua boca, ainda mais em se tratando de dizer aquilo que é preciso para ser liberado de uma prisão ad eternum?

Mas ainda, para aumentar a nossa perplexidade, além da incongruência moral de se esperar a verdade de um cleptomaníaco e psicopata político, está o fato de que Sérgio Cabral não se encaixar nos princípios da delação premiada.

O primeiro princípio da delação premiada, segundo o procurador Dellagnol não cansa de repetir, é “usar uma sardinha para pegar um tubarão”. Sérgio Cabral tem cara de sardinha? Uma sardinha não reduziria um estado a escombros. Certamente Cabral não é nenhuma sardinha. Nem é um bagrinho. É muito mais que um tubarão. Na cadeia hierárquica animalesca da corrupção desenfreada, ele seria uma gigantesca e feroz baleia branca, um Moby Dick ocupando o topo da escala evolutiva.

Não há vida corruptiva acima dele. Ele não tem chefes, nem precisaria. Sua experiência, seus tantos anos de poder, suas decisões (todas as renúncias fiscais em favor de empresas e empresários), sua cobrança de propina nas obras do Maracanã, do Metrô, etc. – em nada disso Sérgio Cabral demandava ou precisava de um chefe.

E se, depois de tantas investigações, de tantas revelações, depois de terem vasculhado sua intimidade e suas relações em todos os sentidos, ninguém maior pareceu, por que apareceria agora? Só se sua prisão for entendida como tortura que o faria cuspir nomes? Mas um caráter como o de Cabral nunca precisaria, para entregar alguém, a começar pela própria mãe, de mais de cinco minutos de pressão. Mas ele já está preso há mais de quatro meses e se não entregou seu “comandante máximo”, é porque não tinha um.

Outro princípio da delação premiada é “trocar um peixe por um cardume”. Que cardume existe, para ser encarcerado nadando nas cercanias de Sérgio Cabral, que não tenha sido ainda colhido na rede? Nenhum.

Portanto, os princípios da delação premiada não se aplicam ao psicopata político e mentecapto da corrupção Sérgio Cabral.  Ele não é sardinha e não há cardume que explique. Não são denúncias laterais, contra figuras menores, essas sim sardinhas (deputados estaduais, membros de Tribunais de Contas estaduais, outros políticos do PMDB etc.) que justificaria a recepção de sua delação.

É inconcebível e monstruoso. Mas, ao que parece, pela matéria publicada no Valor Econômico, um fato que a PGR, o MPF, pretendem dar um belo presente ao assassino em massa – porque é isso que a corrupção produz na escala praticada por ele – Sérgio Cabral.

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Bajonas Teixeira:
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